O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) indiciou o prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (MDB), a secretária de Administração, Raquel de Freitas, o secretário de Governo, Roberto Chaves, o jornalista José Geraldo Passos e o empreiteiro Marcelo Máximo de Morais Fernandes, conhecido como Marcelo Marreco, por improbidade administrativa.

Em junho, áudios atribuídos a uma conversa entre o prefeito e o empreiteiro Marcelo Máximo se tornaram públicos. Nessas gravações, o prefeito supostamente oferece o cargo de coordenador de Abastecimento Alimentar na Secretaria de Desenvolvimento Agrônomo e, segundo algumas interpretações, sugeriu que o empreiteiro não teria que trabalhar.

O empreiteiro Marcelo Fernandes disse que vai se inteirar sobre a ação. “Eu não sei até onde está a situação, mas me colocaram como réu e eu não sei o porquê. Não fui notificado e não tive acesso ao processo ainda. Devo ir ao Ministério Público para me inteirar”, declarou.

O jornalista José Geraldo Passos disse que responderá a ação na justiça e que considera o fato uma “ação politiqueira”.

“Respeito o posicionamento do MPMG, mas a grande verdade é que eu não sou servidor público e não tenho poder sobre a administração. Eu sou jornalista. Não consigo nomear nem exonerar ninguém. O ato em si [da nomeação] não se consumou porque não houve publicação no diário oficial. E, se não foi consumado, não vejo nenhum crime nisso, mas isso não me diz respeito”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Divinópolis, para falar sobre a ação, mas não obteve retorno até esta publicação.

O promotor Gilberto Osório confirmou nesta terça-feira (30) que a ação foi ajuizada no dia 1º de outubro e tramita na Vara de Fazendas Públicas.

Segundo o promotor, as investigações comprovaram que Galileu Machado realmente ofereceu um cargo público para o empreiteiro Marcelo Máximo.

No dia 11 de julho, o prefeito foi ouvido pelo MPMG para tratar sobre a suposta oferta ilícita de um cargo público na Prefeitura.

A Câmara Municipal também instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), chamada de “CPI dos Áudios”, para investigar a denúncia. No dia 19 de outubro, a comissão realizou acareações e pediu mais 30 dias para encerrar os trabalhos.

O caso

Após o vazamento dos áudios, a Associação dos Advogados do Centro-Oeste de Minas (AACO-MG)protocolou um ofício na Câmara Municipal, cobrando uma investigação sobre o caso.

Conforme a denúncia, os advogados entenderam que Galileu Machado ofereceu o cargo de coordenador da Secretaria Municipal de Agricultura e afirmou que o empreiteiro não precisaria trabalhar.

A Câmara rejeitou a denúncia, por 11 votos a cinco, em votação no dia 5 de junho, mas informou que uma CPI já estava aberta na Casa há cerca de 15 dias e reunia documentos sobre o caso. Na época, a Prefeitura emitiu nota afirmando que as provas apresentadas na denúncia eram forjadas e ilegítimas.

Uma perícia, feita pela Polícia Civil e encaminhada ao Ministério Público, comprovou que os áudios não sofreram adulteração.

“Mesmo tendo assumido que houve a conversa, o prefeito nega a integridade dos áudios e mantém a suposição de que as gravações possam ter sido alteradas. Porém, o Instituto de Criminalística da Polícia Civil, concluiu que há três conversas diferentes [na gravação], mas que todas são íntegras em seu conteúdo. Ou seja, não temos indicativos de qualquer montagem”, explicou o promotor Gilberto Osório.

CPI

Na primeira oitiva, realizada no dia 25 de junho, foram ouvidos o denunciante e o chefe de gabinete da Prefeitura, Djalma Guimarães. Já na segunda parte das investigações, realizada no dia 9 de julho, foi ouvido o procurador geral do município, Wendel Santos. Na terceira oitiva, feita no dia 13 de agosto, prestaram depoimentos a secretária de Administração, Raquel de Freitas, e o secretário de Governo, Roberto Antônio Ribeiro Chaves.

No dia 22 de agosto, o Prefeito de Divinópolis foi ouvido pela primeira vez pela comissão. No dia 23 de agosto, foi ouvido o jornalista José Geraldo Passos. No dia 12 de setembro, após a prorrogação da CPI, foram ouvidos o Diretor de Comunicação e a gerente de Marketing da Prefeitura.

No dia 19 de outubro, a comissão realizou acareações entre o empreiteiro, que é o denunciante, e o jornalista José Geraldo Passos, apontado como intermediário na negociação. Na ocasião, a comissão pediu mais 30 dias para concluir os trabalhos.

Integram a CPI da Câmara os vereadores Ademir Silva (PSD), Renato Ferreira (PSDB), Raimundo Nonato (PDT), Edson Sousa (MDB) e Josafá Anderson (PPS).

 

 

 

 

Fonte: G1 ||

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