As mulheres estão bebendo mais e com mais frequência. Nos últimos seis anos, a proporção das que consomem álcool de forma excessiva aumentou 24%, passando de 14,9% para 18,5% das brasileiras. É o que revela o segundo levantamento nacional de álcool, divulgado ontem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Foram entrevistadas 4.607 pessoas com 14 anos ou mais em 149 municípios brasileiros. Desse total, 1.157 eram adolescentes.
Segundo Ronaldo Laranjeira, professor titular de psiquiatria da Unifesp e coordenador do levantamento, o aumento do consumo de álcool por mulheres reflete a maior frequência do ato de beber socialmente, e não em casa. Mulheres que socializam como homens estão bebendo tanto quanto eles.
Esse consumo excessivo de álcool é o que os especialistas chamam de binge, isto é, a ingestão de quatro unidades ou mais de bebida, para mulheres, e cinco unidades ou mais, para homens, em um período curto de tempo (duas horas). Na pesquisa, uma unidade de álcool equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de vodca. Entre 2006 e 2012, houve um aumento de 31% nessa forma de consumo entre os brasileiros que bebem. Dentro desse universo, aumentou de 51% para 66% a parcela dos homens com consumo excessivo. Entre as mulheres que bebem, esse padrão de consumo cresceu de 36% para 49%.
No mesmo período, entre a mulheres que bebem, o índice de consumo frequente cresceu 34,5%, passando de 29% (2006) para 39% (2012). Os dados mostram que, no geral, houve um aumento de 20% na proporção de bebedores frequentes (uma vez por semana ou mais).
Lei seca
As políticas de Lei Seca no trânsito têm dado resultado, indicam o estudo. Em seis anos, houve uma queda proporcional de 21% entre os que admitem ingerir bebida alcoólica e dirigir – eram 27,5% dos entrevistados em 2006 e agora são 21,6%. A queda foi mais acentuada entre os homens (19%, entre 2006 e 2012), mas eles seguem como maioria entre os que infringem a lei.

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