Se nos pedissem para definir como anda o sentimento daqueles que um dia acreditaram na atividade turística neste país diríamos, sem pestanejar, que todos nós nos sentimos como se fôssemos tripulantes de uma nau sem rumo, o que é muito pior do que se estivéssemos numa nau à deriva.  

Nesta, ainda teríamos a chance de passada a tormenta, corrigirmos seus rumos e quem sabe, em algumas horas, dias, ou meses talvez, lográssemos chegar a um porto seguro. 

Na “sem rumo”, a incerteza do salvamento, que deveria ser algo de cunho passageiro, se prolonga e nos atormenta a tal ponto que, de uma hora para outra nos faz desistir de tudo. Até mesmo de acreditarmos que um milagre ainda possa nos salvar antes que as provisões existentes se acabem cedendo espaço para que a morte nos alcance. 

É mais ou menos assim, que pensam todos os que um dia, tal e qual Juscelino Kubitschek, acreditaram no potencial do lago formado pelo represamento dos rios Grande, Sapucaí e outros de volume menor, mas nem por isto, desprezíveis e que contribuíram para a  formação do que mais tarde, se transformou no Mar dos Mineiros. 

Da época da formação do lago, até os anos de 2010, testemunhamos a chegada do progresso que o multiuso de suas águas nos permitiu. Centenas de pousadas, hotéis, resorts, clubes náuticos, restaurantes, marinas, loteamentos e uma série de investimentos atraídos pelas belezas naturais da região e por tudo aquilo que os esportes náuticos podem proporcionar, fervilharam por estas bandas, criando empregos, gerando renda e fazendo com que a economia de seu entorno vivesse o “boom” que atraía cada vez mais capitais inclusive, de grupos de fora do país. 

Junto disto, outras atividades ligadas à exploração da agropecuária, da piscicultura, de indústrias e do comércio voltados para a prática de esportes náuticos, da pesca e da produção de alevinos e de peixes acabaram por inflar as pequenas vilas existentes em seu entorno, muitas destas hoje transformadas em cidades em que sua renda per capta, compete ou é muito maior que a de grandes centros urbanos. Capitólio é uma destas que se destaca dentre dezenas de outros exemplos.  

Mas, como dito, nos idos de 2010, 2011, por falta de visão de nosso governo e pela ação de certas agências reguladoras e de outros órgãos afins, agravado pela falta de postura de governantes deste nosso estado que não souberam nos defender, nossas águas passaram a ser indevida e criminosamente desviadas para atender a interesses de estados vizinhos. 

E aí… veio o caos. A quebradeira se instalou. Milhares de empregos se perderam e o resto, desnecessário se faz repetir aqui, acreditamos!

Porém, como não há mal que nunca se acabe, veio o governo Bolsonaro e com ele a esperança de que a exploração turística possa, até que enfim, ser encarada com maior seriedade. Não fosse assim, o presidente não teria mantido o Ministério do Turismo e nem falaria em transformar a região de Angra dos Reis, numa nova Cancun. Ótimo, só que ali os problemas ambientais que advirão e com eles os empecilhos mais que conhecidos, são muitos, não é mesmo?

É só por isto, senhor ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que ousamos, mais uma vez, lembrar-lhe que aqui em Minas Gerais, sua terra natal, existe um lago de águas navegáveis, com uma orla edificável de 3.500 km, sem polêmicas judiciais para serem resolvidas, sem decreto ambiental para ser revogado, com toda a infraestrutura de rodovias já existente, esperando apenas que Furnas Centrais Elétricas use o reservatório do meio para cima, fazendo com que a cota 762 seja respeitada como a mínima, para que esta pauta uma vez defendida por seu ministério, volte a atrair os investimentos, gerando emprego e renda e, ousamos afirmar, auxiliando este nosso Estado a sair da pindaíba a que governos anteriores o submeteram, situação agora  mais que agravada com o advento da Covid-19. 

Ministro, se a nossa nau ainda está sem rumo, como seu mestre, se apodere do timão e nos faça ver que, em breve, poderemos chegar a um porto seguro! 

Isto não é pedir muito e sabemos que competência para tal não lhe falta. 

Se o senhor e sua equipe se debruçarem em cima de documentos e estudos que no passado esmiuçaram o potencial que a exploração turística desta região tinha e ainda tem, logo concluirão que nosso conterrâneo JK, não foi só um visionário como muitos insistem em qualificá-lo. Ao contrário, ele sabia e muito bem, o que por aqui ocorreria se nós outros tivéssemos tido a sensibilidade de explorar corretamente o legado que ele nos deixou. Este mar é dos mineiros, é bem de raiz, temos que defendê-lo, custe o que nos custar.  A hora é agora, ou, quem sabe, nunca mais!

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