O comitê emergencial de Pará de Minas, criado para tratar sobre os impactos do rompimento da barragem de Brumadinho no rio Paraopeba, principal fonte de captação de água do município, definiu em reunião nessa sexta-feira (15) que medidas serão adotadas para cobrar ações mais efetivas da Vale.

O prefeito Elias Diniz (PSD) informou que, a partir de agora, todas as propostas apresentadas pela mineradora serão documentadas por escrito. Na próxima semana será oficializado o acompanhamento do Ministério Público (MPMG) como forma de garantia de responsabilização da Vale.

O coordenador do comitê, José Hermano Oliveira Franco, considera que o rio Paraopeba não é mais fonte de captação de água, que é necessário um novo ponto e que a Vale deve arcar com os custos deste novo sistema.

Novo ponto de captação

O coordenador do comitê, José Hermano Oliveira Franco, avaliou que a necessidade de um novo ponto de captação de água para abastecimento do município é uma realidade. Contudo, a Vale deve arcar com os custos do novo sistema de captação.

“O escopo para isso nós temos. Capacidade para isso nós temos. Nós precisamos é que abra logo o guarda-chuva financeiro que a gente consegue fazer o necessário para colocar os 300 litros por segundo para a cidade. Não é ‘eu posso tratar a água do Paraopeba’. A questão é: a que custo? A que nível de problema de saúde?”, questionou.

“Eu prefiro tratar como não sendo mais uma fonte. Vamos partir para próxima. Aqui nós já temos a Águas de Pará de Minas com estudos sobre onde captar e como fazer. Está na hora da Vale partir da conversa para as ações”, avaliou.

Ainda segundo Franco, a Vale envia para as reuniões representantes que não podem assinar pela empresa e que, por isso, a conversa precisa “mudar de tom”. Além disso, segundo ele, a empresa não furou os poços artesianos no município que havia se comprometido.

A possibilidade de novos pontos de captação de água para o município já havia sido tema da primeira reunião do comitê emergencial de crise e foi reforçada pelo superintendente da concessionária Águas de Pará de Minas, responsável pelo abastecimento, Thiago Contage.

“O que nós precisamos agora são de alternativas imediatas que vão garantir algum volume de água. Isso para que, na medida em que o tempo vai passando e a gente se aproxime do período de estiagem, a quantidade de água seja suficiente para a gestão hídrica e garanta o abastecimento da cidade. Enquanto isso, mais do médio para o longo prazo, que a própria Vale coloque em prática e construa, se necessário – e a gente avalia que é – um outro sistema alternativo para devolver à população essa condição de abastecimento no presente e no futuro”, analisou.

“Nada verbalizado”

O prefeito de Pará de Minas explicou que a forma como a Vale atuou nas tragédias de Mariana e Brumadinho fez com ele decidisse pela formalização das propostas feitas pela empresa.

“Trabalhamos preventivamente para poder notificar a Vale dentro do que for acordado. Nós não queremos nada verbalizado. O fato de Mariana e exemplos apresentados do caso mais recente de Brumadinho nos deu um alerta”, disse.

O prefeito afirmou que, até agora, a Vale tem disponibilizado ao município caminhões-pipa para fornecer água potável para a população ribeirinha e trabalhado em um novo ponto de reservatório para captação de água.

“Este ponto será realimentado na linha que vem da captação do Paraopeba. Está paralelo ao sistema, praticamente há uns 500 metros de distância. Com isso, vamos ter condições, segundo a própria Vale, de manter uma atenuante. Buscar junto ao Rio Pará apenas se necessário”, explicou Diniz.

Abastecimento

O Sistema de Abastecimento Paraopeba, localizado no distrito Córrego do Barro, em Pará de Minas, está suspenso desde o fim de janeiro. Desde então, dois ribeirões e 16 poços artesianos são utilizados – seis a mais do que é normalmente usado.

No entanto, no período de estiagem, o volume não é suficiente para a demanda da cidade. Segundo Elias Diniz, ele é de, aproximadamente, 230 a 280 litros de água por segundo. Devido a essa preocupação, algumas diretrizes também foram avaliadas em reunião nesta sexta (14). Uma delas leva em conta o Ribeirão dos Moreiras, próximo ao Rio Paraopeba.

 “Isso será também uma atenuante, se necessário for, conforme o escopo que está sendo pré-direcionado, provavelmente, no rio Pará. Tem também a questão dos hortifrutigranjeiros. Entra todo um procedimento de abastecimento. Se vamos suprir isso com outros poços artesianos ou até mesmo o encaminhamento dessa água, virá do ribeirão dos Moreiras”, explicou o prefeito.

Dinis ainda explicou que em reunião em Brasília, com representantes dos municípios atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho, foi estendido por mais oito semanas a determinação para que a água do Paraopeba não seja usada para uso humano nem animal. Após esse período, um novo boletim com informações sobre a qualidade da água deverá ser divulgado.

Também na primeira reunião do comitê, quando a situação de emergência no município já havia sido decretada, foi observado o aumento do consumo de água do município, o que indica que moradores estejam estocando água em casa. Por causa dessa constatação o prefeito informou ter preparado uma equipe de endemias que deve reforçar os trabalhos de combate ao mosquito transmissor da dengue.

 

 

 

 

 

 

Fonte: G1||

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