O processo de gênese de um mineral pode durar muito tempo, mas há casos em que pode acontecer num curto espaço de tempo. Em amostras de hulha (carvão mineral), existentes no acervo do Laboratório de Mineralogia do UNIFOR-MG, um processo diferente está acontecendo. Segundo o Prof. Anísio Cláudio Rios Fonseca, ?a hulha contém sulfetos, como a pirita e marcassita (ambas FeS2), instáveis quando em contato com a atmosfera. Sua oxidação está produzindo o mineral halotriquita (FeAl2(SO4)4.22H2O), cujos cristais lembram tufos de mofo. Outro produto deste processo reativo é o ácido sulfúrico, o qual pode danificar o suporte onde a amostra se encontra?, diz Anísio.
Em artigo publicado na página do CPRM (Serviço Geológico do Brasil): www.cprm.gov.br, o geólogo Pércio de Morais Branco relata que, entre 1801 e 1821, uma canoa que levava utensílios feitos com estanho afundou no rio Winnipeg, em Ontário, Canadá. Retirada do fundo do rio, na década de 1970, verificou-se que se formara, na superfície dos utensílios, uma fina crosta de cristais brancos e outros negros. O estudo do material levou à proposição de ambos como espécies minerais novas, sendo dado aos cristais negros o nome de romarchita e, aos brancos, hidrorromarchita. O fato de os cristais terem se formado por processo natural, porém a partir de substâncias artificiais, gerou controvérsias no âmbito da IMA (International Mineralogical Association), mas as novas espécies acabaram sendo aceitas.
No caso da hulha, a interferência antrópica em retirá-la das profundezas e expô-la à atmosfera é que possibilitou a hidratação e oxidação dos sulfetos. De acordo com o professor, ?esse ?problema científico? deverá ser contornado com a aplicação de generosas demãos de verniz protetor nas amostras, mas, acima de tudo, é um exemplo que pode ser aproveitado pelos alunos de Química em estudos sobre estabilidade de compostos, etc.?, comenta.

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