A violência avança em Belo Horizonte. Balanço parcial da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostra que o número de homicídios na capital subiu 22,6% na comparação entre o primeiro bimestre deste ano, quando 141 pessoas foram assassinadas, e igual intervalo de 2009, período em que 115 moradores foram executados.
O aumento dos homicídios em Belo Horizonte foi postado no site da secretaria (www.seds.mg.gov.br), onde também pode ser conferido um mapa mostrando os locais dos assassinatos. As imagens revelam que as ocorrências em bairros e vilas da Região Centro-Sul subiram de quatro para 18 (aumento de 350%). O órgão, porém, informou que nenhum diretor ou técnico vai se pronunciar sobre o assunto. Procurada, a Polícia Civil também se esquivou de analisar os dados. Por outro lado, representantes da pasta e da corporação vão se reunir nesta quinta-feira (13), para divulgar o relatório da criminalidade em Minas Gerais em 2009.
O estudo deverá informar quantos casos foram desvendados pela Polícia Civil no ano passado. O levantamento também deverá confirmar que, mais uma vez, o tráfico de drogas é o principal fiador dos assassinatos no estado. Em abril, por exemplo, traficantes de Contagem, na região metropolitana, implantaram o toque de recolher nos bairros São Mateus, Estrela D?Alva e Tijuca, onde vivem perto de 60 mil pessoas. Durante nove dias, comerciantes não abriram as portas.
Os moradores precisaram se deslocar a outros bairros para comprar alimentos e remédios. Até escolas e postos de saúde atenderam a ordem dos criminosos. Na época, a PM informou que aquele era o toque de recolher mais longo da história da Grande BH. Mas os homicídios na capital não estão associados apenas ao tráfico de drogas.
Outros motivos, como ciúmes, também fizeram vítimas. Foi o caso da cabeleireira Maria Islaine Moraes, morta, em janeiro, quando tinha 31 anos. O covarde assassinato da mulher chocou o país, pois sua agonia foi flagrada pelo circuito interno do próprio salão. As imagens, que percorreram o país, mostram o ex-marido da vítima, o borracheiro Fábio Willian da Silva, de 30, se aproximando da ex-companheira e apertando o gatilho sete vezes.
?Era moça nova, que poderia ter um belo futuro. Seu erro foi tentar transformar um monstro num príncipe. Ela tentou fazer dele uma pessoa melhor, levando-o para terapia de casais, por exemplo. Saber que a Maria Islaine viveu ao lado de um monstro dói muito, assim como a ausência dela?, desabafa a cabeleireira Ronilda, de 39, irmã da vítima.
O assassinato ocorreu pela manhã, mas a maioria dos homicídios registrados em Belo Horizonte ocorreu depois das 18h. O balanço parcial da Seds revela ainda que cerca de 90% das vítimas eram homens e que a maioria dos crimes ocorreu no fim de semana.