Oito de março: A data que celebra o Dia Internacional da Mulher deve transpor homenagens e servir ainda, para uma reflexão sobre problemas que por séculos e séculos permanecem afligindo as mulheres, como é o caso da violência, seja ela física ou psicológica.

Ainda são corriqueiros os casos de agressões em ambiente familiar e casos de estupros de mulheres de todas as idades, incluindo crianças e idosas.

Os dados são estarrecedores: Segundo estatísticas, no Brasil, a cada 90 minutos uma mulher é assassinada e a cada 11 minutos uma é estuprada.

Para saber o que vem sendo feito na defesa dessas mulheres em Formiga e conhecer os números oficiais da violência contra a mulher na cidade, o jornal entrevistou, com exclusividade, a delegada Luciana de Sousa, à frente da Delegacia de Orientação e Proteção à Família, em Formiga, desde março de 2013.

A boa notícia é que, segundo a delegada, o número de ocorrências relacionadas às agressões contra a mulher diminuiu em Formiga no ano passado, mas, os dados ainda são preocupantes:  Segundo informou Luciana, em 2015, 56 pessoas foram presas em flagrante; 178 inquéritos instaurados; 113 medidas protetivas instauradas; 12 representações por protetiva (destes, 6 agressores foram presos); 6 mandados de busca e apreensão e 236 inquéritos conclusos à Justiça.

Mas 2016 não começou bem. Apenas no mês de janeiro, 6 pessoas foram presas em flagrante; 10 inquéritos instaurados; 9 medidas protetivas instauradas. Em fevereiro foram 4 autos de prisão em flagrante; 33 inquéritos instaurados; 8 medidas protetivas instauradas e 4 representações por preventiva (dois suspeitos já estão presos).

No município, os crimes de agressão  continuam ocorrendo em sua maioria, dentro dos lares. “As agressões ainda são, em sua maioria, praticadas em ambiente familiar. São mulheres agredidas por seus maridos, mães agredidas por seus filhos, irmãs agredidas por irmãos, medo de represálias, medo de ameaças, até mesmo com mortes”, explicou a delegada, que disse ainda que esse vínculo familiar muitas vezes é o maior impedimento para a realização da denúncia.

Um caso que recentemente se tornou público em Formiga e comoveu a população foi do filho que estuprou a mãe dentro da Santa Casa de Formiga e que agora está preso e responderá por vários crimes.

A delegada explica ainda, que há outros tipos de violência, como a psicológica que deve ser denunciada. “São considerados crimes de injuria, constrangimento ilegal. A violência psicológica reduz a mulher à marionete, ela perde sua autoestima e vontade de mudar e viver”.

Casa de Acolhimento

Hoje, a mulher agredida em Formiga, e muitas vezes vítimas de ameaça de morte, não tem para onde ser encaminhada com os filhos. Muitas vezes essa dependência do companheiro faz com que a mulher se submeta a essas agressões. “Lamentavelmente, Formiga não conta com uma Casa de Acolhimento para a mulher. Esse espaço seria muito importante e contribuiria em muito para subsidiar a nova vida da mulher agredida”, explicou a delegada.

Segundo Luciana, a mulher vítima de agressão vai à delegacia e faz uma medida protetiva, para impedir a proximidade do agressor, mas ela tem que voltar para  sua casa. O correto seria ela ir para uma Casa de Acolhimento. O local precisaria de um suporte com psicólogos, pedagogos, advogado, uma brinquedoteca, por causa dos filhos. Uma estrutura para acolher essa mulher que fica totalmente abalada.

Lei Maria da Penha

De acordo com a delegada, a lei Maria da Penha, Lei 11340 de 7 de agosto de 2006, entrou em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada. Desde então, muita coisa mudou, pois a mulher está bem informada sobre os direitos dela e sabe que não deve se calar quando for vítima de violência doméstica.

Todas as denúncias feitas junto à delegacia são devidamente apuradas e inquéritos são abertos para que a Justiça puna os agressores. Mas há muitos casos que permanecem em oculto, impedindo a ação das forças de segurança e da Justiça.

Denuncie!

O telefone da delegacia de Formiga pelo qual podem ser feitas as denúncias é o (37)3322-2556.

As denúncias não precisam ser feitas pelas vítimas ou familiares. Qualquer testemunha pode e na verdade deve denunciar. A violência contra a mulher diz respeito a todo cidadão e não se omitir pode salvar uma vida!

 

 

Fonte: Reportagem: Últimas Notícias||

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