Líder do ranking da FIFA. Atual campeão da Copa das Confederações e da Copa América. Nos últimos 20 jogos, 16 vitórias, três empates e uma derrota. Os números colocam a seleção brasileira entre os favoritos para a Copa do Mundo. Mesmo assim, o técnico Dunga tem seu trabalho bastante questionado pela imprensa no Brasil. A Deutsche Welle, principal canal de TV da Alemanha, resolveu pautar uma matéria procurando saber o que pensam os jornalistas alemães sobre a seleção canarinho, uma vez que Brasil e Alemanha sempre entram em Copas do Mundo entre os favoritos.
Foram ouvidos na matéria Manfred Münchrath, redator-chefe de futebol internacional da revista Kicker; Ralph Durry, membro da direção de redação da SID (uma agência de notícias especializada em esportes); Sven Busch, chefe de esportes da DPA (agência de notícias alemã) e Arnulf Boettcher, redator de esportes da DW.
A estreia do time brasileiro na competição será contra a Coreia do Norte, em 15 de junho ? os outros adversários no Grupo G são Costa do Marfim e Portugal.
Semifinais no máximo?
Apesar de reconhecerem que o Brasil sempre está entre os favoritos e que fez uma campanha muito boa em 2009, os alemães não veem nossa seleção como a principal candidata a levantar o caneco em 11 de julho, no Soccer City de Johannesburgo. ?Na minha opinião, o Brasil não chega ao título. A seleção está bem servida com jogadores de ponta como Kaká e Luís Fabiano, que todos na Europa conhecem. Mas o time é velho demais para um torneio de quatro semanas. A média de idade dos jogadores é de 28,6 anos, a mais alta que o Brasil já levou a uma Copa do Mundo?, argumentou Arnulf Boettcher.
?Mesmo se a seleção aprender com os erros da Copa de 2006 e levar a preparação mais a sério, acho que ela alcança no máximo as semifinais?, opinou Sven Busch.
Já Manfred Münchrath acha que o desempenho de nossa seleção vai depender do caminho traçado e não despreza o peso da camisa canarinho. ?O grupo é difícil, Portugal e Costa do Marfim são fortes. Além disso, pode haver o duelo contra a Espanha nas oitavas de final. Seria uma final antecipada, um jogo muito difícil para o Brasil. Se passar pela Espanha, aí a seleção vai pelo menos até as semifinais?, apontou Münchrath.
Dentre os quatro, Ralph Durry é quem vê mais chances para o Brasil na Copa: ?O Brasil é candidato às semifinais, deve chegar lá de qualquer jeito. Se chegar à final, aí é claro que o título é possível?, disse o jornalista, para quem a Copa das Confederações do ano passado mostrou que ?esse time pode ter sucesso na África do Sul?.
Ronaldinho
Os alemães sentiram falta de Ronaldinho. Somente Boettcher concordou com a não convocação do meia, assim como de outros destaques. ?Foi certa a decisão de Dunga de abrir mão das velhas estrelas Ronaldo, Ronaldinho e Adriano, que estiveram mal por muito tempo. Não há lugar para todo mundo?, analisou.
Já Münchrath, que queria ver o jogador do Milan na Copa, acha que o treinador tem todo o direito de escolher os atletas de sua preferência. ?É um pouco surpreendente a ausência do Ronaldinho, mas talvez ele não se encaixe no conceito de jogo do Dunga ou na hierarquia do time?, observou.
Boettcher, Durry e Busch se disseram ainda muito surpresos com a convocação de Grafite. Eles observaram que, além de ter feito apenas dois jogos pela seleção, o atacante não teve tanto destaque na Bundesliga este ano.
Força da defesa
Todos eles veem na defesa o ponto forte da seleção, principalmente no trio Júlio César, Maicon e Lúcio, que venceu a Liga dos Campeões com a Inter de Milão. Outro nome que aparece como uma das principais armas do Brasil é o de Kaká, que já levou, no passado, o prêmio de melhor jogador do mundo.
Quanto aos atacantes, as opiniões são divergentes. Durry e Busch acham que o Brasil não está bem servido nesse aspecto, que seria o ponto fraco da seleção. ?Acho a montagem do ataque arriscada. A efetividade e o poder de
desafiou Busch, que gostaria de ver as jovens promessas Ganso e Neymar na Copa.
Já Münchrath e Boettcher elogiaram o ataque formado por Robinho e Luís Fabiano. Mas outro ponto negativo foi percebido por Münchrath: ?Como ponto fraco vejo apenas a lateral-esquerda. Apesar de muitos testes, Dunga não achou a solução ideal?. Para essa posição, foram convocados Gilberto e Michel Bastos.
Personalidade de Dunga
Ex-jogador do Stuttgart, Dunga é uma personalidade conhecida e respeitada na Alemanha. Os analistas elogiaram seu esforço em montar um time disciplinado, com um espírito vencedor.
?Sei que Dunga prefere o futebol operário e por isso é contestado no Brasil. Mesmo assim, o Stuttgart teve ótimas experiências com ele. Acredito em sua capacidade como treinador, coisa que a opinião pública no Brasil não quer fazer. Ele tem personalidade forte, enfrenta as adversidades. É a matéria-prima que um técnico precisa para ser bom?, elogiou Durry, num comentário que resume bem a imagem de Dunga na Alemanha.
Mas também os alemães gostam de ver o Brasil com seu tradicional jogo ofensivo. ?Pessoalmente, não quero só que o Brasil tenha sucesso, mas que mostre um futebol vibrante na África do Sul. Normalmente, os jogos do Brasil estão entre os melhores momentos da Copa, e é isso que eu quero ver como repórter?, completou Durry.

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