Se 1968 é conhecido como ?o ano que não terminou? porque este é o título de um dos mais famosos livros de Zuenir Ventura, 1973 também promete ter em breve seu epíteto: ?o ano que reinventou a MPB?. Pelo menos é essa frase que o jornalista e escritor Célio Albuquerque cunhou em um volume organizado por ele, que aborda quase 50 álbuns lançados em um dos anos mais criativos da música brasileira.
Para o livro, Albuquerque convidou jornalistas, músicos e produtores para escreverem sobre os discos. A seleção se baseou no seu círculo de amizades e nos contatos do pesquisador Marcelo Fróes, que preside a Sonora, editora responsável pelo título.
Na avaliação do organizador, a crítica da época não conseguiu enxergar o valor do que era produzido. Com o distanciamento histórico, porém, as coisas são vistas hoje de uma maneira diferente, positiva. ?Como a era dos festivais se encerrou em 1972, diziam que a música brasileira estava morrendo em 73. Mas era exatamente o oposto disso. Neste ano, temos muitos artistas jovens lançando pela primeira vez. E quem já estava na estrada passou a ousar mais, a buscar algo diferente?, afirma Albuquerque.
Entre os lançamentos daquele ano figuram alguns dos mais importantes álbuns da música feita no Brasil. O primeiro LP do trio Secos e Molhados, homônimo, por exemplo, chegou às lojas em 1973. ?Esse é um dos grandes destaques, não dá para negar. Foi um fenômeno. Eram três moleques, à frente um magrelo com voz de mulher que rebolava no palco, tocando uma música completamente diferente do que já tinha sido feito antes. E que agradou a todo mundo, da criança ao idoso, todo mundo dançava, gostava. Posso falar porque eu estava lá no show do Maracanãzinho, em 1974. Foi uma coisa inexplicável?, diz o jornalista.
Outros iniciantes da mesma época elencados no livro são Raimundo Fagner, Gonzaguinha, Raul Seixas e João Bosco ? todos eles se lançaram ao mercado em 1973 e vieram a ser grandes ídolos da música brasileira.
Entre o time escolhido para escrever sobre os álbuns, há três mineiros: Thelmo Lins fala sobre o ?Drama 3º Ato?, de Maria Bethania; Tavito percorre o ?1º Acto? de Zé Rodrix; Renato Vieira revisita ?Manera Fru Fru, Manera?, de Fagner.
Na produção, histórias curiosas são revistas, como o famoso processo dos herdeiros de Cecília Meirelles, depois da gravação de ?Canteiros?, por Fagner, com fragmentos de versos da poetisa. E a posterior briga do cantor com a gravadora Phillips. ?É um disco que não teve sucesso comercial, foi tirado logo de circulação, e que nunca mais foi lançado em CD, como o original, por causa do processo. É uma raridade, que ouvi muito na vitrola do meu pai, quando criança. É um dos discos que ajudou a forjar meu caráter?, diz Renato Vieira.
Título: ?1973, o Ano que Reinventou a MPB?,
Organizador: Célio Albuquerque
Editora: Sonora
Páginas: 432
Preço: R$ 59,90

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