No início da histórica tarde de 17 de abril de 2016, os bastidores da política
brasileira já indicavam: a Câmara aprovaria o juízo de admissibilidade para o
prosseguimento do  processo de  impeachment. A  decisão  seria  confirmada
horas   depois.   No   Planalto,   assistindo   a   apuração   acompanhada   do   ex-
presidente   Lula,   a   presidente   Dilma   Rousseff   viu   o   início   do   fim   de   seu
mandato.
Se houve crime de responsabilidade ou não, eis uma batalha jurídica que
jamais terá fim. Décadas à frente, inúmeros livros ainda serão escritos sobre o
assunto. O que fica desse momento na história do país é que a esmagadora
maioria da Casa do Povo optou pelo impeachment de Dilma. Tamanha massa
se unificando em prol da queda de um governo? Onde há fumaça, há fogo.
Não pretendo, aqui, avaliar os aspectos constitucionais da decisão da Câmara.
Pretendo, sim, entender os motivos que levaram o PT a esse estado lastimável.
O   partido   que   tirou   milhões   de   pessoas   da   miséria   parece   ter   pedido   o
compasso. O impeachment não começou de fora para dentro. Começou de
dentro   para   fora.   A   sigla   perdeu   correligionários,   esvaziou   alianças   e   viu
escapar tanto guarida política quanto popular.
O país não está dividido. De acordo com as últimas pesquisas de grandes
jornais,   ao   menos   60%   dos   entrevistados   apontaram   vontade   pelo
impeachment. Tal vontade foi incorporada pelos representantes na Câmara.
Basicamente, apenas o PT, outros partidos de esquerda, e o PDT apoiaram a
manutenção do governo. Nú mero insatisfatório. O desespero da última sexta-
feira, na qual o Diário Oficial amanheceu gordíssimo em nomeações, não surtiu
efeito. Dilma perdeu a governabilidade e Câmara tratou de fazê-la perder o
governo.
Cabe   ao   Senado   a   decisão   final,   que   provavelmente   votará   em   favor   do
impeachment. Ao PT cabe uma reflexão. O vício pelos privilégios enterrou o
partido bem-intencionado que assumiu o Planalto em 2002, nas mãos de Lula.
De alguns anos para cá, aquela chama foi se apagando aos poucos. Tempos
difíceis virão. O povo deverá estar preparado para novas mazelas políticas.
Resta-nos a esperança, esta sim impassível de impeachment.

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