Em entrevistas a diversos veículos de comunicação, nacionais e internacionais, os empresários brasileiros alertaram: o impeachment de Dilma Rousseff seria prejudicial ao país. Se ocorresse, a mola que impulsiona a já debilitada economia travaria, sem previsão de recuperação. Ademais, a febre pela queda da presente teve seu momento – e ele passou. Respirando novamente, o governo federal esboça uma correção de rumos e ambiciona a retomada do crescimento.
Na televisão, as duas figuras mais criticadas nos últimos protestos deram uma mensagem de esperança. Dilma e Lula falaram direto aos brasileiros, sem intermediários. Apesar de algumas expressões montadas na demagogia, aproveitaram seu espaço para, finalmente, admitir a existência da crise. “Sei que muita coisa precisa melhorar. Tem muito brasileiro sofrendo. Mas juntos vamos sair desta. Estamos em um ano de travessia e essa travessia vai levar o Brasil a um lugar melhor”, enfatizou a presidente.
Lula seguiu no mesmo tom, destacando que o Brasil já passou por outras tempestades e resistiu. Curiosamente, a manifestação dos dois acontece após severa crítica veiculada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dias atrás. No Facebook, FHC afirmou que os protestos deste ano mostram que o governo, embora legal, é “ilegítimo” e sem “base moral”. Sugeriu que Dilma deveria ter a “grandeza” de renunciar ou admitir seus erros. Sobre este último item, o PT, aparentemente, acusou o golpe.
A jornais, Dilma reconheceu que o governo demorou a perceber a gravidade da crise, sobretudo nos meses finais do ano passado. Creio que o desgaste com a eleição mais violenta da história foi determinante. De qualquer modo, com atraso, a presidente parece ter acordado do estado de torpor em que se meteu. No primeiro semestre de 2015, a letargia em enfrentar os opositores quase custou seu cargo.
O pronunciamento na TV foi um começo. Falta explicar outras coisas. Por exemplo, o porquê do PT ter se distanciado tanto de suas bandeiras históricas. Hoje o partido atua menos para os trabalhadores e mais para os bancos. Nesse sentido, as críticas não se propagam apenas pela oposição. Correligionários petistas externam, pela imprensa, o seu descontentamento. Mais que uma revisão de gestão, portanto, está na hora da sigla revisar seus próprios conceitos. Muito trabalho pela frente.
Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo