Seis mineiros, entre eles uma criança de 4 anos, morreram anteontem à noite em um acidente envolvendo um ônibus da Viação Gontijo, que seguia de Guarapari para Belo Horizonte, na BR-262, no município de Domingos Martins, a 40 km de Vitória, no Espírito Santo. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, pelo menos outras 32 pessoas ficaram feridas, entre elas ocupantes de dois carros que acabaram atingidos pelo coletivo. O motorista do veículo foi detido.
Por volta das 21h, o veículo saiu do balneário de Guarapari com 39 passageiros. Depois de percorrer pouco mais de 60 km, tombou em uma curva da rodovia próximo ao município de Domingos Martins, na região serrana do Estado. O ônibus arrastou por alguns metros e atingiu, na contramão, um Corsa e um Fiat Strada, causando ferimentos leves nos motoristas dos veículos de passeio.

As seis vítimas fatais, todas passageiras do ônibus, foram identificadas como Maria Auxiliadora Santos Rocha, 60, Júlia Cristina Fernandes Silva, 4, Vânia Ribeiro de Andrade, 32, Maria Lúcia Silva Martins, 44, Elmir Silva Salomão Júnior, 33, e Silva Neusa Duarte Guimarães, 54.

Ontem de manhã, marcas do acidente ainda podiam ser vistas no local. O pai da pequena Júlia, Expedito Alves da Silva Júnior, entrou em choque ao ver que o estado em que ficou o corpo da menina, que foi decapitada no acidente. A mãe da criança, Renata Cristina Fernandes, 31, sofreu trauma renal e ferimentos na região glútea. Ela passou por procedimentos cirúrgicos no hospital São Lucas, na Grande Vitória, e foi transferida ontem para Belo Horizonte.

Perigoso

Conforme a Polícia Rodoviária Federal, o local do acidente é considerado um dos mais perigosos da BR-262, que liga os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Esse é um ponto com alto índice de acidente. Não tem problemas de pavimentação, mas é um local com aclive elevado e muitas curvas, o que exige do condutor o respeito à sinalização. Não tem como indicar culpados ainda, mas é possível afirmar que houve algum tipo de imprudência por parte do motorista do ônibus, disse o inspetor Edmar Camata.

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Condutor pode responder por homicídio doloso

O motorista do ônibus da empresa Gontijo, Evandro José de Oliveira, 29, foi autuado em flagrante por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Entretanto, por recomendação do próprio secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, Rodney Rocha Miranda, o acusado poderá responder por homicídio doloso (com intenção), mas na modalidade eventual: quando não há a vontade de praticar o crime, mas a pessoa assume o risco de cometê-lo. A decisão de Miranda foi tomada a partir da informação de que Oliveira estaria em alta velocidade e realizando ultrapassagens perigosas.

De acordo com, passageiros do ônibus relataram à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que o condutor realizou ultrapassagens arriscadas, em um trecho sinuoso da BR?262, e trafegava em velocidade incompatível no momento da tragédia. Até o fim da tarde de ontem, o acusado continuava recolhido no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Cariacica, no Espírito Santo. Para ser liberado, ele deveria pagar fiança no valor de R$ 3.800. O recurso será invalidado caso o pedido de prisão preventiva seja acatado pela Justiça.

?Orientei a Polícia Civil a pedir a preventiva mesmo após a determinação do flagrante de homicídio culposo. Nós tivemos outras oitivas e o primeiro parecer do perito. Chegamos à conclusão de que o motorista assumiu o risco de provocar o acidente, trafegando em velocidade excessivamente elevada e fazendo ultrapassagens perigosas, o que redundou no acidente?, afirmou o secretário, por telefone.

Ele disse ainda que o delegado se reuniu com o juiz da comarca de Domingos Martins ontem à tarde para solicitar a mudança do enquadramento legal do caso. Segundo Miranda, a classificação de homicídio doloso em acidentes de trânsito ainda é novidade no Estado, mas o governo local orientou as polícias para tratar com mais rigor esse tipo de ocorrência. ?Não podemos mais aceitar que essas vidas sejam retiradas com tanto descaso?, avalia o secretário. (VL)

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Acusado alegou que teve visão comprometida

De acordo com a assessoria de imprensa da Viação Gontijo, o motorista do ônibus, José de Oliveira, alegou que teve a visão comprometida por causa do farol alto de um veículo que vinha na direção contrária. Por isso, teria perdido o controle da direção. A empresa informou que está prestando assistência aos feridos e aos familiares. Vanda Souza, 50, uma das passageiras, lamentou a morte da filha Vânia Ribeiro de Andrade, 32. Ontem, seis vítimas que tiveram alta hospitalar foram encaminhadas para um hotel em Marechal Floriano, a 46 km de Vitória. (VL)

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