A Unaids, órgão da ONU para lidar com o vírus HIV, faz seu alerta mais sério sobre a situação da aids no Brasil na última década e pede uma taxa internacional sobre transações financeiras para garantir recursos para a luta contra o vírus do HIV no mundo, além de uma revisão das leis de patentes. Já a constatação de pesquisadores é de que, por enquanto, a ideia de uma vacina ainda é um sonho distante.
Até o final da semana, 25 mil cientistas, ativistas e médicos debaterão em Viena formas para lidar com a doença que afeta 33 milhões de pessoas e que já matou outros 25 milhões desde 1980. Por ano, número de novas infecções continua sendo de 2,7 milhões.
Em seu discurso inaugural, neste domingo (18), na Conferência Internacional de Combate à aids, o diretor executivo da entidade, Michel Sidibé, alertou que os custos do tratamento da aids no Brasil voltaram a ficar elevados, ameaçando o acesso aos remédios e colocando em cheque toda uma estratégia criada pelo país nos últimos anos. A política brasileira de combate à aids foi sempre tida na ONU como um exemplo a ser seguido por países emergentes. Hoje, a entidade soou um sinal de alerta.
A advertência vem no momento em que a ONU aponta que, pela primeira vez em 20 anos, a contribuição dos países ricos para a luta contra a doença caiu. Em 2009, a doação das economias ricas foi reduzida em mais de US$ 100 milhões, em parte por causa dos cortes gerados pela crise financeira mundial.
Quando o governo se propôs a iniciar uma distribuição de remédios, os custos eram elevados e o país conseguiu negociar uma redução importante, com ações diplomáticas e mesmo ameaças contra farmacêuticas. Com a segunda linha de produtos sendo necessária, o custo voltou a explodir. Temos evidências de que em um número muito grande de países, um número muito grande de clínicas que davam tratamento e esperança, hoje estão recusando pacientes, disse o diretor executivo. Em alguns países, mesmo pessoas que estiveram sob tratamento por anos, agora estão perdendo acesso, lamentou.

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