A guerra pelo trono da NBA começa nesta quinta-feira (30)  com o Golden State Warriors querendo reforçar a dinastia, o Toronto Raptors em busca de um título inédito, e uma impressão bem clara: a balança das torcidas está completamente torta para um dos lados.

Segundo o portal G1, nos Estados Unidos, uma pesquisa feita por um site mediu o uso das hashtags dos times (#WeTheNorth e #DubNation) no Twitter, dividiu geograficamente e concluiu: só Califórnia, Nevada e Havaí torcem pelo Golden State. Todos os outros 47 estados americanos, quem diria, são canadenses desde criancinha.

O Brasil, ao que parece, não fica muito atrás. Uma vasculhada rápida – e nada científica – nas redes sociais cria um cenário que podemos resumir assim: quem torce para os Warriors vai torcer para os Warriors; basicamente todo o resto vai de Raptors. Tirando, claro, aqueles interesses específicos, como a galera do San Antonio Spurs que ficou magoada com a saída de Kawhi Leonard.

No geral, não é difícil achar referências a Kawhi & Cia como o último fio de esperança para destronar o império do mal, derrubar a convenção dos paneleiros, destruir a turma da modinha. E essa imensa rejeição ao Golden State não surgiu do nada. São principalmente dois motivos:

1) Eles estão ganhando tudo. Levantaram três dos últimos quatro canecos, incluindo o atual bicampeonato. Para qualquer time, um domínio desses traz no pacote um bando de inimigos.

2) Eles estão ganhando tudo com Kevin Durant. O ala tem uma lesão na panturrilha e talvez nem jogue a final, mas sua decisão de se juntar aos Warriors em 2016 – logo após o time fazer a melhor temporada regular da história, com 73 vitórias – soou como apelação, como panelinha.

Não satisfeitos, os atuais campeões ainda foram buscar mais um All-Star, o pivô DeMarcus Cousins – outro que está machucado e é dúvida para a série. Essa mania de ser cada vez maior foi transformando o Golden State no time que todo mundo ama odiar.

Coloque do outro lado um cara como Kawhi, discreto nas ações, econômico no marketing, genial no basquete, voando nos playoffs, autor de uma cesta heroica no jogo 7 contra o Philadelphia – com a bola quicando no aro quatro vezes antes de mandar Toronto à final do Leste.

Pronto, como não torcer por esses dinossauros ao mesmo tempo fofos, aguerridos e talentosos?

Para o bem da renovação dos ares na NBA, pela alternância da coroa, pelo rodízio de ídolos, até pelo simples critério jornalístico da melhor história a ser contada, talvez fosse bom mesmo um título dos Raptors.

O ruim é quando a torcida extrapola, a secada deixa de ser saudável, a zoação vira ódio cego. Aí a gente esquece que:

  • Os caras dos Warriors, acredite, não são vilões de novela. Ok, alguém vai lembrar de um ou outro golpe baixo do Draymond Green, e a decisão do Durant de se juntar aos fortes sempre vai estar na pauta. Mas Stephen Curry é maior gente boa, Klay Thompson não quer guerra com ninguém, Iguodala é um baita carregador de piano, Steve Kerr é um técnico cheio de ideias progressistas. E a própria Califórnia onde eles vivem é um lugar marcado pelo respeito ao próximo, seja quem for o próximo.

 

2) A modinha, acredite, faz bem ao esporte. Imagina quanta gente passou a se interessar por basquete quando Steph desandou a matar bolas do meio da quadra, quando a equação correria+bloqueios+cestas de três revolucionou o jogo, quando um time ganhou mais partidas na temporada regular do que o Chicago Bulls do Michael Jordan. E daí que aquela pessoa nem acompanhava o esporte direito e gosta dos Warriors porque eles ganham tudo? Tá valendo, só vem.

Em volta da bola laranja, dá para todo mundo ser feliz.

Então torça pelo Toronto, torça pelo Golden State, torça pelos dois, não torça por ninguém, tanto faz. E, sim, zoe o coleguinha quando o time dele se ferrar, é do jogo. Mas acima de tudo: aproveite o momento.

Porque uma final que começa com Curry, Kawhi, Klay, Siakam, Green, Lowry, Iggy, Gasol, todo mundo junto na mesma quadra por no mínimo quatro jogos – ou sete no melhor dos sonhos – não merece ser reduzida a uma briguinha do bem contra o mal, uma espécie de Game of Thrones do rancor basqueteiro.

Pegue a pipoca. Divirta-se.

 

Fonte: G1||

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