Publicada pelo jornal Folha de S. Paulo na semana passada, circulou uma informação que, se verdadeira, escancara o esgotamento do PT em administrar a crise econômica e política vivida pelo país. O partido, por intermédio de Luiz Inácio Lula da Silva, intenta uma aproximação com o PSDB, a fim de dar trégua ao governo Dilma Rousseff. Lula estaria interessado em se reunir com seu antecessor no Planalto, Fernando Henrique Cardoso, para uma conversa sobre os rumos do Brasil.
No último sábado, o tucano reagiu à notícia por meio de seu Facebook oficial. FHC rechaçou a hipótese. “O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, afirmou o ex-presidente. Outras lideranças do PSDB também descartaram a possibilidade. Para eles, não há razão legítima que justifique um armistício.
A oposição mantém sua estratégia e não teria motivo para mudá-la. Por que ajudar seu rival histórico das últimas eleições? Ainda, por que ajudar um governo que não é unanimidade nem entre os seus? Além do PSDB, Dilma sofre pressões de todos os lados: colegas de legenda, políticos das forças de coalizão e a indignação natural do povo. É verdade que essa colheita não surgiu por acaso: foi plantada por ela, no mandato anterior. Instabilidade como a atual não se via há muito tempo no Brasil.
Ademais, o esgotamento do PT pode ser notado de outros modos. Lula, de novo ele, disse, na última sexta-feira, estar de “saco cheio” e “cansado das mentiras e safadezas” veiculadas contra o governo e membros de seu partido. A insatisfação do ex-presidente é direcionada à imprensa, sobretudo as notícias propagadas pela revista Veja, que fazem questão de tentar relacionar o petista à Lava-Jato. Ele aproveitou também para defender sua sucessora e colocar panos quentes na crise que assola o país.
Num momento em que o impeachment de Dilma é aventado, das duas uma: ou se salva o mandato do PT ou se salva o futuro do Brasil. Do jeito que está, não pode ficar. Críticas, “safadezas”, “mentiras” sempre existiram no cenário político. Um governo eficiente precisa enfrentar seus opositores – elementar. Do lado do PSDB, Lula não terá apoio. Tampouco do PMDB, que, capitaneado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dificulta a vida do Planalto no Congresso. Desse modo, a tormenta tende a piorar. Aguardemos os próximos capítulos.
Gabriel Bocorny Guidotti