O presidente Jair Bolsonaro já manifestou a intenção de concorrer à reeleição em 2022. Além dele, pela extrema direita e com retórica política similar, são cogitados outros candidatos, como Sérgio Moro, ministro da Justiça, João Doria, governador de São Paulo e Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro.

As últimas eleições presidenciais, de 2018, vencidas por Bolsonaro, foram caracterizadas pela polarização entre a extrema direita e a esquerda, representada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

É essa polarização que Bolsonaro pretende repetir, para captar a atenção, os votos do eleitorado e vencer todos, inclusive os candidatos de extrema direita, como já fez em 2018 e, entende, que a polarização deixará, em um pleito, os demais candidatos de direita em segundo plano e agrupará a forças políticas anti-PT. Assim, essa polarização com a esquerda é mais benéfica do que para qualquer outro candidato da própria direita.

Atualmente, Sérgio Moro detém maior popularidade do que Bolsonaro. Ele e Wilson Witzel são ex-juízes federais e têm visibilidade na retórica e bandeira popular de combate à criminalidade e violência. Por sua vez, João Dória, empresário, tem uma boa aceitação no seu meio empresarial.

Nesse contexto, na quinta-feira (7), o Supremo Tribunal Federal (STF), interpretando a Constituição Federal, decidiu ser cabível a prisão somente após o trânsito em julgado, conforme inciso LVII, do artigo 5 (ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória). Essa discussão durou 5 sessões do STF e a decisão foi por um placar apertado, 6 a 5, quando digladiaram opiniões das alas ativistas/punitivistas e legalistas.

Os advogados de Lula apresentarão ao juiz de Execução o pedido de soltura, o qual deverá ser aceito, mesmo porque já havia sido solicitado, pela Operação Lava-Jato, a liberação dele para o cumprimento de prisão em regime domiciliar.

Para Bolsonaro, essa resolução reacende a esperança de ver Lula solto. No teatro político, até discursará, condenará e apoiará manifestações contra a soltura de Lula, mas os dividendos digitais nas redes sociais, os quais ele tanto valoriza, crescerão exponencialmente, como curtidas, likes, comentários, compartilhamentos, além de aglutinar os seus seguidores em torno do seu nome.

Bolsonaro prefere a esquerda, para a qual já tem os jargões prontos e pequenas frases pré-formatadas. Nesse quadro, ele ensaia a imputação das medidas econômicas liberais e impopulares para o ministro da Economia, Paulo Guedes, como, por exemplo, já fez na apresentação do pacote de medidas na quarta-feira (6), quando foi divulgado que Bolsonaro vetou a proposta de desindexação dos benefícios previdenciários. É o início de um discurso e da apresentação de medidas sociais, para reforçar a retórica discursiva para um público refratário ao seu nome, o das classes populares.

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