As palmeiras Talipot (Corypha umbraculifera), nativas do sul da Índia e do Sri Lanka, estão em plena floração no Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro. O fenômeno raro ocorre cerca de 60 anos após o plantio das espécies introduzidas no local pelo paisagista Roberto Burle Marx, e tem encantado cariocas e turistas pela imponência de suas inflorescências consideradas das maiores do mundo.

As Talipot florescem apenas uma vez na vida, geralmente entre 40 e 80 anos de idade, e morrem cerca de um ano após o processo. No Aterro do Flamengo, a floração coincide simbolicamente com os 60 anos do parque, inaugurado em 1965. Com altura que pode chegar a 30 metros, as palmeiras começaram a compor o projeto paisagístico após serem trazidas do exterior por Burle Marx, que idealizou o parque como um “laboratório botânico” com mais de 350 espécies de plantas. Atualmente, o espaço abriga cerca de 17 mil árvores distribuídas em 11 setores, incluindo 40 espécies de palmeiras.

Considerado uma das maiores referências do paisagismo moderno do século 20, Burle Marx influenciou o uso de plantas nativas brasileiras e dedicou sua vida à conservação das florestas tropicais. Seu legado está preservado no Sítio Roberto Burle Marx, em Guaratiba, administrado pelo Iphan e que reúne mais de 3.500 espécies de plantas. Segundo o gestor do acervo botânico do sítio, Marlon Souza, a primeira Talipot a florescer ali teve sua inflorescência iniciada na semana seguinte à morte do paisagista, em junho de 1994. Ele explica que a espécie é monocárpica floresce apenas uma vez e que todo o processo, da formação da inflorescência à produção de frutos, pode levar mais de um ano.

O gestor destaca ainda que as Talipot já floresceram outras vezes no Aterro do Flamengo, nos anos 2000 e em 2019, deixando diversos “filhotes” pelo parque. No sítio, a primeira palmeira floriu em 1994 e morreu em 1997, sendo substituída por outra que hoje está com quase 30 anos. Atualmente, cinco exemplares raros são mantidos no local, com mudas prontas para reposição das que completam seu ciclo de vida.

A chefe de curadoria da Coleção Viva do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Thaís Hidalgo, ressalta que a floração da Talipot é um espetáculo raro, capaz de ocorrer apenas uma vez na vida de quem a observa. Segundo ela, o evento é “um misto de alegria e tristeza”, já que marca também o início do fim da palmeira. No Parque do Flamengo, duas Talipot adultas florescem atualmente, enquanto uma terceira mais jovem se desenvolve no lugar da que floriu há dez anos.

Com folhas em leque que podem chegar a cinco metros de diâmetro, a espécie cresce lentamente e demanda mais de 20 anos para atingir seu porte completo. Thaís explica que fatores climáticos influenciam o ciclo da planta — e que, embora se esperasse que a floração no Aterro ocorresse por volta dos 70 anos, ela ocorreu aos 40, possivelmente devido às condições ambientais locais.

A floração das Talipot no Parque do Flamengo reafirma a riqueza botânica do espaço idealizado por Burle Marx e oferece ao público um espetáculo natural raro, que combina exuberância e simbolismo. Enquanto as palmeiras completam seu ciclo de vida, especialistas trabalham para garantir a continuidade da espécie no local, preservando um dos elementos mais emblemáticos do paisagismo tropical brasileiro.

Com informações da Agência Brasil

 

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