O Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, assumiu a interinidade do Ministério no dia 16.05.2020 e foi apresentado como um especialista em logística, no momento que o Brasil registrava 14.817 mortes e 218.223 infectados.

Depois de quase um ano de trabalho, foi anunciada sua saída do Ministério, justamente no pior momento da pandemia, quando o país atingiu cerca de 280.000 mortos e atinge mais 2.000 mortes diárias.

Ele se esforçou, mas as orientações do presidente atrapalharam o seu trabalho.

Deixou de divulgar informações do total de infectados e mortos pelo vírus, o que levou os veículos de comunicação a criarem um consórcio para fazer divulgarem os dados.

Defendeu o uso da hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus, sem comprovação científica.

A sua maior dificuldade, foi o agravamento da pandemia em Manaus, em janeiro último, com mortes por asfixia por falta de oxigênio, médicos fazendo ventilação manual e a rede de saúde saturada.

O Ministro perdeu para o adversário político de Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria, a corrida para o início da vacinação no Brasil. São Paulo vacinou primeiro, justamente com a Coronavac, a qual foi desautorizada de ser incluída 46 milhões de doses no Programa Nacional de Imunização, por Jair Bolsonaro, no dia 21.10.2020, e no dia seguinte o Ministro da Saúde reagiu dizendo “Senhores, é simples assim. Um manda e o outro obedece…”.

Pressionado pela opinião pública e pelo bom trabalho de Dória, o Ministério se apressou em adquirir vacinas aprovadas pela Anvisa.

Ele fez jus à sua formação militar, cumpriu a sua missão, obedeceu fielmente as ordens recebidas do presidente e, por tudo isso, perdeu a guerra contra o vírus.

Muito poderia ter sido feito melhor, como a agilização da aquisição de vacinas, a coordenação nacional dos procedimentos de isolamento social, a  interação com a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) na homologação de vacinas e remédios, a liderança para se proceder o fechamento de fronteiras entre os Estados, como no auge da crise do estado do Amazonas.

As falhas de gestão agudizaram a crise sanitária, manchou a imagem do Exército por um general da ativa ser um inoperante na gestão da saúde, tudo isso, acompanhadas com Bolsonaro entoando falas insensíveis sobre as mortes (e daí, todo mundo morre um dia, etc.). No momento, alastram-se críticas a Bolsonaro, judicializadas e repercutidas na mídia nacional.

Ficou provado que os militares são disciplinados, mas ineficientes em situações de adoção de medidas necessárias e fora da hierarquia, gerando o caos na saúde pública. Melhor seria termos como gestor da saúde um idealista, defensor e lutador pela saúde do povo brasileiro, obediente somente a ordens condizentes com a ciência e a razoabilidade.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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