O alívio durou pouco. Após um pico assustador no número de casos e mortes por Covid-19 entre março e abril, Minas Gerais passou por uma pequena melhora nos indicadores, mas já vê novamente a curva da pandemia subir. Nos últimos 14 dias, o Estado registrou 103.270 infecções pelo novo coronavírus, um número 24% maior do que o registrado na quinzena anterior. 

De acordo com o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, vários fatores podem ter contribuído para a alta de casos, como o Dia das Mães, o cansaço pandêmico e a falta de políticas públicas adequadas por parte do Ministério da Saúde. “Tem ainda o cenário de circulação das novas cepas, que são mais transmissíveis e mais agressivas. Hoje, mais da metade das pessoas internadas em UTI tem menos de 50 anos”, diz o médico, lembrando que, no outono, as pessoas tendem a ficar em ambientes menos ventilados.

Segundo ele, o ritmo lento na vacinação, agravado pelo atraso na entrega do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), também contribuiu para o cenário de recrudescimento de casos. 

Tupinambás ainda não é possível falar em terceira onda da Covid, porque, na verdade, não saímos ainda da segunda. “A gente sobe dez degraus, desce três, fica num platô e logo sobe novamente. A gente mal sai da segunda onda e já tem um repique. É uma situação muito grave”, afirma. 

Cidades em alerta

A preocupação maior do governo de Minas está nas macrorregiões de saúde Sul e Oeste, mas a situação é de alerta em municípios de todo o Estado. De acordo com levantamento feito por Bráulio Couto, professor de estatística do Centro Universitário UNA, 106 cidades mineiras estão com tendência de crescimento no número de mortes por Covid nos próximos 14 dias – a taxa de mortalidade é calculada dividindo-se o total de óbitos em determinado período pela população.

O estudo levou em conta dados apresentados no site da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) entre os dias 14 e 27 de maio, que são comparados às quinzenas anteriores.

Entre os municípios em estado de alerta estão alguns da região metropolitana – como Nova Lima, Vespasiano, São José da Lapa, Sabará e São Joaquim de Bicas. Até mesmo na macrorregião Norte, cujos indicadores estão mais controlados, há cidades que podem ter aumento de mortes, como Januária e São Francisco.

Fonte: O Tempo

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