O período chuvoso em Minas Gerais tem sido trágico. Desde o início de outubro, pelo menos dez pessoas morreram em decorrência de deslizamentos de encostas e das cheias dos rios. As duas últimas vítimas são da cidade de Coroaci, no Vale do Rio Doce, onde duas casas desabaram ontem após vários dias de chuva. Em uma das residências destruídas estava uma família com cinco pessoas. Vanilda Alves da Silva, 31, e a filha dela, Daiane Alves da Silva, 7, morreram na hora.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a casa foi atingida por uma residência vizinha, que havia desmoronado devido à queda de um barranco. Outras três pessoas, identificadas como Maria Alves dos Reis, 66, Elci Alves de Souza, 65, e Débora Alves da Silva, 9, tiveram ferimentos leves. Elas foram socorridas por vizinhos e militares e depois conduzidas para o hospital municipal da cidade. Nenhuma delas corria risco de morrer.
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, o acesso a Coroaci estava completamente interrompido ontem. A equipe de resgate teve dificuldades para chegar ao local do desastre. Nossa viatura teve que fazer um desvio de mais de 180 km para chegar ao lugar do acidente e socorrer as vítimas, afirmou o sargento Agenor. Conforme a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), mais de dez residências estavam sob risco de desabamento nas imediações do desmoronamento. A Secretaria de Obras da cidade providenciou máquinas para a remoção dos escombros e limpeza das ruas atingidas pela cheia do rio Suassuí. Até o final da tarde de ontem, a cidade continuava alagada.
Em Governador Valadares, a 68 km de Coroaci, uma chuva de aproximadamente cinco horas de duração foi suficiente para deixar alagados os bairros Vila União, Asteca, Turmalina, Jardim do Trevo, Atalaia e Nossa Senhora das Graças, deixando cerca de 180 pessoas desabrigadas.
Minas
Desde 1º de outubro, 17 municípios decretaram situação de emergência e outros 53 comunicaram à Cedec problemas relacionados aos temporais. Mais de 16 mil pessoas foram afetadas pela força das águas, sendo que 30 ficaram feridas. O balanço da coordenadoria ainda mostra que 1.639 ficaram desabrigados e 1.187, desalojados.
O número de mortos pode ser ainda maior. Até o final da tarde de ontem, os bombeiros não haviam localizado o corpo de Cesimar Onesi Fernandes, 26. Ele estava nadando na cachoeira do Filó, na cidade de São João Batista do Glória, no Sul de Minas, na última segunda-feira. O rapaz teria sido arrastado pela força da correnteza. A corporação iria prosseguir as buscas enquanto houvesse luz no local.
De acordo com o Instituto MGTempo/ Cemig/PUC Minas, as chuvas devem dar uma trégua a partir de amanhã. Notícia que, segundo o sargento Flávio Luíz, significará alento para a população ribeirinha de Aimorés, também no Vale do Rio Doce. Nos últimos dois dias, a cidade estava sob vigilância pois o reservatório da Usina Hidrelétrica de Aimorés atingiu níveis acima do normal, com chances de transbordamento.
Quanto aos danos materiais, a Cedec contabilizou 19 pontes danificadas e outras nove destruídas. Cinquenta e cinco casas ficaram totalmente arruinadas por causa das chuvas e 1.555 sofreram algum tipo de avaria.