Uma força-tarefa da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU) pode identificar, nos próximos dias, mais prefeituras do interior de Minas envolvidas com a máfia do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Em menos de dez dias, a PF deve entregar ao Ministério Público Federal (MPF) a conclusão do inquérito da operação Pasárgada, que prendeu 14 prefeitos de Minas e dois da Bahia. O MPF deve oferecer denúncia contra todos os acusados.
Uma fonte da PF, que preferiu ter a identidade mantida em sigilo, revelou que várias prefeituras de Minas ainda estão sendo alvo de investigação. Dificilmente mais pessoas terão a prisão preventiva decreta pela Justiça por envolvimento com o esquema que fraudou em mais de R$ 200 milhões os cofres da União, mas diligências policiais de busca e apreensão de documentos e memórias de computadores ainda estão sendo feitas.
A suposta nova lista de cidades envolvidas com o lobista Paulo de Sá Cruz, o Paulinho da Status, e com seu sócio, Valzemir José Duarte, ambos presos pela PF, pode provar que o desfalque provocado pela quadrilha do FPM, que contava com a participação do juiz Weliton Militão, da 12ª Vara de Justiça Federal em Belo Horizonte, ainda é bem-superior ao que veio a público até agora.
Segundo documentos da PF, atuando como se fossem consultores jurídicos, os lobistas conseguiam liminares junto ao INSS impedindo o desconto de 6% no FPM. Em troca das liminares, segundo a PF, Militão recebia propina a título de gratificação financeira.
Para a PF, o juiz Militão seria o principal braço da organização criminosa liderada por Paulo Cruz dentro da Justiça Federal. Sua atuação consiste no deferimento dos diversos pedidos formulados pelos advogados da organização, dentre os mais importantes, aqueles que culminam com a liberação de valores por parte do INSS. Dezesseis prefeituras estão envolvidas no esquema. Juiz de Fora é a maior delas e o prefeito Alberto Bejani (PTB) ficou preso por duas semanas.
Depoimento. A PF interceptou gravações telefônicas de Bejani combinando depoimento com o lobista Paulinho da Status. Se isso for comprovado, é falso testemunho, avaliou o vereador Bruno Siqueira, relator da CPI instalada em Juiz de Fora para apurar denúncias contra Bejani. Ele ainda criticou a falta de esclarecimentos por parte do prefeito em relação ao R$ 1,12 milhão, em dinheiro vivo, apreendido em sua mansão, no mais nobre bairro da cidade. Isso é no mínimo estranho. Mas a denúncia de enriquecimento ilícito é um dos focos. Não tem condições uma pessoa com salário de R$ 15 mil manter o padrão de vida que ele leva.

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