O governo sofre desgaste causado por seus erros na gestão da pandemia, inclusive falas do presidente para desinformar, confundir, desorientar e, com isso, ocasionam a neutralização das ações e informações das autoridades de saúde para proteger as pessoas.

No dia 10.06 o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um parecer para retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras das pessoas vacinadas ou já acometidas com a doença do coronavírus. Diante das repercussões negativas, o presidente disse “eu não apito nada” e cabe ao ministro da Saúde e aos governadores decidirem sobre a obrigatoriedade ou não do uso de máscaras. Esse novo posicionamento público, revela tentativa inócua para se esquivar de interferência direta no combate ao coronavírus, registradas desde o início da pandemia, como quando disse: “quem manda sou eu” ou quando falou “já mandei cancelar, quem manda sou eu”.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, do Senado, caminha para incriminar os responsáveis pelo enfrentamento desastroso da pandemia.

A CPI, no dia 11.06, ouviu o depoimento da microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Natália Pasternak. Ela disse que o negacionismo da ciência pelo governo mata e afirmou: “Isso não é só cloroquina. A cloroquina aqui é apenas um exemplo. Isso serve para o uso de máscaras, isso serve para o distanciamento social, isso serve para a compra de vacinas que não foi feita em tempo para proteger a nossa população”.

No mesmo dia, a CPI ouviu o médico sanitarista, Cláudio Maierovitch. Ele criticou a aposta do governo na imunização de rebanho, ao custo de vidas, quando disse: “Rebanho se aplica a animais e fomos tratados dessa forma. Acredito que a população brasileira tem sido tratada dessa forma ao se tentar produzir imunidade de rebanho às custas de vidas humanas”.

A queda de popularidade já é refletida nos espaços públicos. No dia 11.06 o presidente entrou em voo comercial, no Aeroporto de Vitória, para cumprimentar os passageiros e foi recebido com gritos e xingamentos (“fora Bolsonaro”, “genocida”, etc.). Bolsonaro afirmou: “Quem fala ‘fora Bolsonaro’ devia estar viajando de jegue”.

No dia 12.06, foi realizada em São Paulo uma “motociata”, chamada “Acelera para Cristo”, com participação de Bolsonaro e milhares de apoiadores, muitos atraídos pelo sorteio de uma moto.

Com a perda de popularidade de Bolsonaro, cada vez mais os organizadores terão de adotar artifícios para atrair manifestantes, como o sorteio de brindes. Dessa forma, Jair Bolsonaro sente o gosto das próprias falas, como a feita dia 08.06.2017, quando afirmou que seus apoiadores “não são movidos por pão com mortadela”, mas, hoje, a realidade mostra eles serem movidos por brindes, por cargos e benesses do governo, etc.

Euler Antônio Vespúcio – advogado tributarista

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