Políticos chavistas e militares passaram à frente de idosos e grupos vulneráveis no programa de vacinação contra a Covid-19 determinado pelo regime de Nicolás Maduro, na Venezuaela.

O primeiro lote oriundo da Rússia, com 100 mil doses da vacina Sputnik V, foi aplicado nos 277 deputados do Parlamento oficialista – eleito em dezembro passado – em prefeitos, governadores e outras autoridades.

Nesta primeira fase, ainda incipiente para a população de 30 milhões, são também imunizados policiais e militares que integram o aparato de segurança nas ruas e representam um dos pilares de sustentação do governo.

A definição de quem é prioridade na Venezuela não causa surpresa, apenas indignação. O regime parece repetir a estratégia já conhecida pelos venezuelanos, tendo em vista as eleições para governadores e prefeitos, previstas este ano: as vacinas servem também como instrumento de coerção.

Críticos e opositores se apressaram em denunciar a politização da vacinação, beneficiando quem demonstra lealdade ao regime que há duas décadas está no comando da Venezuela. O próprio Maduro deixou claro, no início do mês, que os militantes de seu partido seriam priorizados na primeira etapa do plano de imunização.

Por outro lado, até agora menos de 10% dos funcionários da área de saúde, que estão na linha de frente no combate à pandemia, foram imunizados. A Venezuela registra 137.445 infectados por Covid-19 desde março passado, com 1.331 mortos, embora as estatísticas também sejam questionadas.

Os idosos claramente ficaram para trás no plano de imunização de Maduro. Aos 48 anos, o deputado Alfonso Campos Jessurun exibiu orgulhoso nas redes sociais o certificado da primeira dose Sputnik V. Pouco tempo depois, achou por bem apagar o post. Secretário do partido El Cambio, ele é um dos 20 deputados considerados “opositores”, no Parlamento de maioria chavista, já que a grande parte dos detratores de Maduro boicotou as eleições de dezembro.

Fonte: G1

 

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