As comunidades indígenas Xikrin, do rio Cateté, e Paracanã Avaeté, do rio Xingu, serão as pioneiras no Brasil a receber a vacina contra quatro tipos do Papilomavírus Humano (HPV), que já se mostra endêmico nessas populações. A verba para a compra da vacina, que ainda não está inclusa no Programa Nacional de Vacinação, é proveniente de empresas pública e privada e a imunização ocorrerá em breve.
A vacinação, indicada pelo professor da disciplina de Endocrinologia da Unifesp, João Paulo Botelho Vieira Filho, será realizada por profissionais de saúde da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nas índias a partir dos 9 anos de idade e abrangerá os tipos 6, 11, 16 e 18 , causadores de verrugas e cânceres genitais.
João Paulo Botelho, que foi o pioneiro na descrição do diabetes mellitus tipo 2 na população indígena do país e a levar a vacina contra o sarampo nessa comunidade, vem lutando para a chegada da imunização contra o HPV entre os índios desde 1998.
A vacina contra os tipos 6 e 11, ocasionadores das verrugas genitais; e os tipos 16 e 18 causadores do câncer de colo uterino, deverá ser aplicada às meninas que completarem nove anos de idade, com três doses: 1ª dose aos nove anos; 2ª dose após dois meses e, a 3ª dose, seis meses depois da 1ª dose.
Entre 1998 e 2011, João Botelho detectou lesões ou neoplasias genitais causados por HPV em 52 índios, de ambos dos sexos. Alguns, com agravamento e morte. ?Encontramos lesões, inclusive, em criança. O contato físico com as mães e pais, que é extremado nessas comunidades, favorece a transmissão do vírus para as crianças?.
De acordo com o professor da Unifesp, os índios Xikrin possivelmente foram infectados pelo HPV em viagens e relacionamentos com caçadores, madeireiros e prostitutas. ?O exame de papanicolau para o controle de neoplasias de colo uterino e HPV precisa ser valorizado também entre a população indígena?, afirma. ?Entretanto, sabemos que as índias Xavante nunca foram submetidas a ele?.

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