Há 30 anos, o mundo ouvia falar pela primeira vez de uma doença poderosa, que derrubava as defesas do corpo e desafiava os médicos. Os cientistas deram a essa doença o nome de aids. Logo, descobriram que era causada por um vírus e começaram a desenvolver remédios e buscar uma vacina.
A vacina até hoje não existe. Já os remédios ajudaram a fazer da aids uma doença controlável, mas ainda grave. Trinta anos depois, como será que uma nova geração que não testemunhou o sofrimento dos primeiros pacientes encara a aids? Como esses jovens de hoje se protegem da contaminação?
O combate à aids é um marco na história da medicina. Os primeiros casos apareceram em 1981. Três anos depois, já se conhecia o vírus e havia um teste para identificar seus portadores. Apesar dessas descobertas, assim que a doença se instalava o sofrimento e a morte eram inevitáveis. Em 1995, surgiu um coquetel, com medicamentos altamente eficazes contra o HIV, e a realidade mudou. Apesar de o número de casos ter parado de aumentar, a cada ano, 35 mil brasileiros se infectam.
?As pessoas mais jovens não tiveram a oportunidade de ver o que aconteceu no início da epidemia, e a gente não está sendo capaz de mostrar para eles com a devida intensidade a tragédia que nós passamos no começo dos anos 90. Isso traz uma falsa sensação de que as coisas estão todas resolvidas, o que não é verdade?, aponta o infectologista Esper Kallás.
?Eu sempre me cuidei, porque eu acho que é uma coisa que você tem que fazer, independente da relação que você tem e tudo mais. Sexo, afinal de costas, é um acordo que você faz com a pessoa. E o acordo está sempre volúvel de as pessoas quebrarem ou não?, destaca o estudante Daniel Piva.
A diretora do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, Maria Filomenta Cenicchiaro, explica como a pessoa faz o teste de HIV no CRT. ?Sua entrada vai ser pela recepção que vai te orientar e vai encaminhar a pessoa para a equipe psicossocial que vai ter uma conversa que a gente chama de pré-teste?, explica a médica. ?Se não tiver essa conversa, fica mais difícil receber um resultado para fazer toda essa elaboração no momento de pegar o resultado, o pós-teste, como a gente chama?.
Um professor descobriu que estava com o vírus da aids. ?Eu comecei a passar mal. Tive muita febre, dor de cabeça, muito enjoo. Eu fiquei praticamente um mês inteiro passando mal com esses sintomas. Apareceram gânglios, dor no corpo ? tudo isso apareceu. Juntando esses sintomas todos, eu mesmo fui até o pronto-socorro e pedi o exame anti-HIV?, afirma.
Os sintomas podem aparecer duas a quatro semanas depois de contrair o vírus: febre, dor de cabeça, dores na garganta, nos músculos e nas juntas, ínguas no pescoço e nas axilas, machas vermelhas no corpo. Mas na maioria dos casos não há sintomas, ou eles são tão leves que podem ser confundidos com um mal-estar qualquer.
?Nós temos duas formar de realizar: o teste convencional (recolhido à sorologia, e depois de dez ou doze dias está pronto o resultado) ou o teste rápido (que no mesmo dia a pessoa pega o resultado)?, explica a diretora do CRT em DST/Aids, Maria Filomenta Cenicchiaro.
Quando o vírus da aids entre no organismo nossas defesas imunológicas produzem anticorpos para combatê-lo. O teste da aids detecta a presença desses anticorpos. Se existem anticorpos contra o vírus, é porque houve a infecção. Como a produção de anticorpos não acontece do dia para a noite, não adianta fazer o teste logo depois da relação sexual sem camisinha. É melhor esperar cerca de 30 dias.
Há 17 anos, quando começou diretora do CRT em DST/Aids, Maria Filomenta Cenicchiaro, a trabalhar na área, essa doença era fatal. Hoje, tem tratamento, e as pessoas vivem muito bem e por muitos anos. Ela diz que diferença isso representou para o teste.
?Nós tínhamos a oportunidade de oferecer o teste mais não tínhamos muito o que propor no pós-teste. Estávamos iniciando uma proposta de medicação. Hoje, não. Hoje as pessoas acreditam que possam viver mais com qualidade e não morrer mais de aids?.
O teste do HIV é rápido e seguro.A pessoa precisa fazer o teste justamente porque os sintomas da aids levam muito tempo para aparecer. Se você teve alguma relação sexual com penetração sem preservativo, procure uma unidade básica de saúde.

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