Prefeitos de Minas Gerais receberam com estranheza a declaração do governador do Estado, Romeu Zema (Novo), que atribuiu a demora na vacinação aos municípios. 

Segundo eles, o governo do Estado está transferindo a culpa pela ineficiência e pela falta de vacinas a quem está na ponta e é mais prejudicado. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (8), o governador afirmou que cidades que vacinarem mais rápido receberão mais doses do imunizante contra a Covid-19 no Estado.

“Estão querendo atribuir a lentidão aos municípios. Não tenho conhecimento que isso ocorra em nenhuma cidade. Vacina é ouro, assim que chega as prefeituras correm para buscar, usam escolta da Polícia. Que prefeitura estoca vacina em um lugar correndo o risco de ser roubada”, questionou a presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), Ilce Rocha (PSDB).

“As vacinas chegam em poucas doses, é um processo cansativo para as cidades, porque chega em prestação, parece um ‘carnê’, mas toda semana os prefeitos estão se movimentando e agindo com responsabilidade”, completou Ilce, que também é prefeita de Vespasiano.

Para o prefeito de Nova Serrana, na região Oeste do Estado, Eusébio Rodrigues (MDB), falta transparência e liderança nas coordenações do processo de imunização. “As prefeituras têm hora marcada para buscar as vacinas, inclusive. O grande problema é que as vacinas não estão chegando. As recomendações mudam toda hora, uma hora você pode imunizar todas as pessoas com as doses que chegam, em outro momento você recebe a vacina carimbada que ela precisa ser só para a segunda dose. Falta liderança e agilidade, porque o prefeito está ali na ponta, é ele que conhece cada família e convive com o pesadelo de perto”, desabafou.

O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda, reconhece que algumas prefeituras podem estar demorando na busca das vacinas, mas, segundo ele, esses são casos isolados. “O grande problema é que são muitos sistemas para alimentar, tem o municipal, estadual e o federal, às vezes, as prefeituras não atualizam com frequência. Mas a questão é que as vacinas são poucas, tem cidade recebendo sete doses. As prefeituras estão loucas para vacinarem”, destacou.

Cidades de Minas Gerais que vacinarem mais rápido receberão mais doses do imunizante contra a Covid-19. A informação foi confirmada pelo governador, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira. 

A medida faz parte de um plano para agilizar a vacinação no Estado, em parceria com o Ministério Público e a Associação Mineira de Municípios. Segundo ele, o governo tem pedido às prefeituras que não interrompam a vacinação.

“Onde está mais ágil vai receber um pouco mais de vacina, não é muito, mas vai receber mais. Montar estoque de vacina não é recomendável. Ela precisa ir para o braço das pessoas e não ficar em refrigerador”, destacou o governador. 

Zema ressaltou que a distribuição das vacinas aos municípios “acontece em horas” pelo governo do Estado. O problema, segundo ele, é que algumas prefeituras demoram para buscar as doses. “O que tem ocorrido é: algumas prefeituras não buscam essas vacinas na velocidade em que poderiam. Outras não aplicam na velocidade em que poderiam, e nós ainda temos uma questão de informação. Algumas prefeituras aplicam vacinas, mas não informam no sistema no tempo adequado”, complementou.


O governador ainda alfinetou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) e defendeu que a vacinação dos grupos prioritários não seja interrompida. “Sabemos que os profissionais estão exaustos, mas recomendamos, inclusive, que esse processo continue mesmo aos fins de semana”. 

Fonte: O Tempo

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