“Prefiro morrer de Covid a morrer de fome”: sob esta justificativa, um comerciante, dono de uma loja de roupas no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste da capital, abriu as portas de seu estabelecimento na manhã desta segunda-feira (15), indo contra o decreto municipal que endureceu as medidas restritivas na cidade. 

A partir desta segunda-feira (15), até mesmo setores então classificados como essenciais, como a construção civil, estão proibidos de funcionar. O mesmo vale para as escolas idiomas e artes, além dos cultos religiosos.

As diretrizes foram anunciadas na sexta-feira (12) pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), diante dos números alarmantes da pandemia: 89,4% das UTIs estão ocupadas e a taxa de transmissão do novo coronavírus (RT) é de 1,25, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura.

“Tem que peitar (o decreto). Não tem jeito. O Kalil vem aqui pagar as minhas contas e botar alimentos dentro da minha casa?”, questiona o comerciante varejista do setor de vestuário.
“Nenhum comerciante vai aceitar isso, não. Eles estão querendo proibir a gente de ir e vir. Kalil, vem aqui, Kalil! Dá uma moral para nós. Paga nossa água. Paga nossa luz. A geladeira lá de casa está vazia. O que você vai fazer para nós, Kalil? Botar a gente dentro de casa, isso não é coisa de homem não, rapaz. Isso é coisa de comunismo!”, desabafa o empresário. 

A adesão ao isolamento em toda a região do Padre Eustáquio nesta manhã foi baixa. Quem circulou pela localidade encontrou todo tipo de comércio em atividade: depósitos de material de construção, barbearias, lanchonetes, além de lojas de móveis e de decoração.

O cenário era semelhante na Avenida Abílio Machado, altura do Bairro Alípio de Melo; e na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova. Várias empresas inclusive permitiam a entrada de clientes, sem uso de máscaras. Ao notarem a presença da reportagem, alguns lojistas correram para fechar as portas. Outros funcionam com os portões semicerrados para tentar driblar a fiscalização.

Por força do decreto 17.562, editado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), as praças e pistas de caminhadas também estão fechadas desde sábado, a fim de evitar aglomerações.

O comércio secundário está suspenso desde 6 de março. A Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) pediu ao prefeito para manter os estabelecimentos do setor abertos, mas o município manteve a decisão de permitir apenas o funcionamento no esquema delivery. Desta vez, até o serviço de retirada de pratos no local está proibido. 

Esta é a quarta vez que as atividades comerciais são interrompidas na capital mineira. O primeiro decreto foi editado em março de 2020. O segundo, seis meses depois, em junho. O terceiro fechamento ocorreu em janeiro deste ano. Os protocolos atuais entraram em vigência em 6 de março de 2021. 

Veja as atividades suspensas em BH:

  • Comércio varejista da construção civil (comércio varejista de material de construção, tintas, solventes e materiais para pintura; material elétrico e hidráulico, vidros e ferragens; madeireira).
  • Escolas de música, arte e cultura; escolas de idiomas; cursos diversos e centro de treinamento; centro de formação de condutores e cursos preparatórios. Atividades administrativas no local, bem como a realização de aulas on-line seguem autorizadas.
  • Bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais não autorizados a receber clientes nas lojas só podem fazer delivery e funcionar com portas fechadas – proibida a retirada de produtos no local. 
  • Loja de conveniência só poderá funcionar de segunda a sexta-feira, entre 7h e 18h, sem consumo no local.
  • Carros de lanches;
  • Atividades coletivas em espaços religiosos (missas, cultos). Os espaços, contudo, podem permanecer abertos.
  • O atendimento presencial ao público na Central de Relacionamento BH Resolve também foi interrompido. Os cidadãos deverão acessar o portal de serviços da Prefeitura ou utilizar o aplicativo PBH APP (70 serviços disponíveis) para solicitar suas demandas ou para obter orientações sobre as alternativas criadas pela Prefeitura, nesse momento.
  • comércio de vestuário, calçado, relojoaria, papelaria, entre outros;
  • casas de shows e espetáculos de qualquer natureza;
  • boates, danceterias, salões de dança;
  • casas de festas e eventos (incluindo nos condomínios e corporativos);
  • feiras, exposições, congressos e seminários;
  • shoppings centers, centros de comércio e galerias de lojas;
  • cinemas e teatros;
  • clubes de serviço e de lazer;
  • academia, centro de ginástica e estabelecimentos de condicionamento físico;
  • clínicas de estética e salões de beleza;
  • parques de diversão e parques temáticos;
  • escolas;
  • festas em espaços comuns de condomínios residenciais ou corporativos;
  • parques, praças e locais de caminhada;

Fonte: Estado de Minas

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