Quando começar o ano letivo de 2013 na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 13 de maio, uma nova etapa de vida também vai se iniciar para o detento Bruno Eduardo Oliveira Reis, de 32 anos.
Ele é um dos 3.141 presos de uma das 95 unidades prisionais que prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Prisional em 2012. Aprovado para educação física, após tirar nota máxima na redação, Reis está detido em regime fechado, na Penitenciária Doutor Manoel Martins Lisboa Júnior, em Muriaé, na mesma região, e aguarda decisão da Justiça sobre sua transferência para o Presídio de Viçosa, mais perto da Universidade.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que, no ano passado, o interesse pela retomada dos estudos nas unidades prisionais foi quase quatro vezes maior que em 2011, quando 795 presos de 43 unidades se inscreveram para prestar o exame.
O incentivo da redução de pena pode ter contribuído para que mais presos desejem estudar, já que um dia é retirado da sentença a ser cumprida a cada 12 horas de aulas. Ainda segundo o órgão, a maioria dos detentos faz o teste para se certificar no ensino médio.
No caso de Bruno Reis, condenado a nove anos e oito meses por receptação, adulteração de chassi e furto qualificado, o estudo é visto como caminho para a ressocialização e a busca de profissionalização. Acredito que a faculdade vai me trazer boas chances, além da progressão de regime, afirmou Reis.

Além da própria determinação, Bruno Reis contou com a ajuda do pai, professor de linguística, para ser dar bem na redação sobre a imigração para o Brasil no século XXI, tema do teste. Sempre trabalhei com ele a redação, contou, satisfeito, Sebastião de Macedo Reis.

O pai ainda acredita que a conquista do filho servirá de exemplo para outros detentos pelo país. Pelo fato de Bruno ter sido aprovado, vai crescer o número de pessoas fazendo a prova e sendo aprovadas, acredita.

Recepção
Em nota, a assessoria da UFV informou que, como a instituição faz com todos os alunos, vai oferecer a Bruno Reis apoio acadêmico, por meio de monitorias, para suporte no processo de aprendizagem. Ele também poderá ter acesso às orientações da Divisão Psicossocial. O objetivo é garantir que ele tenha uma boa qualidade de vida no campus.

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