Pesquisa por amostragem da ONG SOS Mata Atlântica aponta piora na qualidade das águas de rios e córregos de Minas Gerais. Sete cursos d’água foram avaliados em quatro municípios. Conforme o estudo, 37,5% das coletas feitas entre 2017 e 2018 estavam na classificação “ruim”. No levantamento anterior, entre o ano passado e 2016, o número era 25%.

O estado de preservação de rios, córregos e lagos é suscetível às condições ambientais, variações e impactos do clima, usos do solo e atividades econômicas na bacia hidrográfica.

Segundo o biólogo e educador da SOS Mata Atlântica, Tiago Félix, a principal função da pesquisa é alertar a população. “A água é abundante no Brasil, mas a qualidade desse recurso é realmente preocupante”.

Entre os locais monitorados em Minas está o ribeirão do Onça, no bairro Ribeiro de Abreu, em Belo Horizonte. Lá, a situação permaneceu a mesma nas duas últimas avaliações. “A degradação de uma área é rápida, mas a recuperação não. Por isso, os agentes que estão no entorno desses locais são tão importantes”, acrescenta Tiago Félix.

Algumas ações de mobilização e engajamento da população têm sido realizadas. No Ribeiro de Abreu o esforço da comunidade, que recuperou uma nascente na região, tem feito a diferença. “Acreditamos que o Onça possa se tornar um rio limpo”, garante o líder comunitário Itamar de Paula Santos.

Recuperação 

As ações precisam ser pensadas a médio e longo prazo, mas resgatar um curso d’água é possível quando há o envolvimento de vários agentes e fatores. A afirmação é do pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em recursos hídricos, Nilo Nascimento.

“Existem experiências em Minas Gerais e no Brasil que nos garantem essa recuperação certeira de áreas bem degradadas. É claro que não acontecerá da noite para o dia e que investimentos de recursos e pessoal são importantes”.

Trabalho

Em nota, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) informou que trabalha na execução de “importantes instrumentos”. Dentre eles, a concessão da outorga de direito de uso, monitoramentos, elaboração de planos e a consolidação de comitês de bacias. “O Instituto tem como diretriz uma administração compartilhada e descentralizada, envolvendo todos os segmentos sociais”.

Segundo o Igam, apoio financeiro, administrativo e técnico são oferecidos aos comitês. Atualmente são operadas 595 estações de monitoramento de qualidade das águas superficiais e 143 de poços subterrâneos.

Além Disso

Na Câmara dos Deputados, comissões e projetos tentam caminhar com ações que auxiliariam na preservação da água no país. De acordo com a deputada Raquel Muniz, membro da comissão especial destinada a estudar e debater os efeitos da crise hídrica e que participa nesta semana do Fórum Internacional das Águas, em Brasília, o congresso tem se movimentado.

“A água é um recurso que merece toda a nossa atenção. Não apenas no semiárido e nas regiões que já sofrem com a seca, mas em todo o território. São Paulo, por exemplo, sofreu recentemente os impactos de uma escassez”, explica. Ainda segundo a parlamentar, além de novas proposições, a Câmara tenta desengavetar projetos e programas que já deveriam estar em andamento.

“Precisamos garantir junto ao governo federal os recursos necessários para que obras e ações sejam executadas para garantir a preservação da água”, acrescenta Raquel Muniz. Além da preservação, segundo a deputada, é necessário observar a contaminação dos rios e nascentes e incentivar o reuso em empresas e residências.

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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