Em Bonfim, no estado de Roraima, uma simples visitinha à cidade vizinha pode se tornar bem complicada: é que Lethem, na Guiana, adota a mão inglesa —e a troca acontece no meio da estrada, surpreendendo turistas, que dividem relatos virais nas redes.
A ponte é a única fronteira terrestre nas Américas na qual os motoristas devem mudar de sentido de circulação de tráfego; da direita (no Brasil) para a esquerda (na Guiana), ou vice-versa. A troca é realizada por meio de um viaduto de conversão no lado da Guiana, após o fim da BR-401.
Por que mão “fica” inglesa na fronteira Brasil-Guiana?
Nossa vizinha já foi conhecida, em outros tempos, como Guiana Britânica. Ex-colônia do Reino Unido que se tornou independente em 1966, a Guiana ainda mantém alguns vestígios de sua história, assim como nós. Da mesma forma como herdamos a língua portuguesa de Portugal, eles falam inglês por lá. E, na hora de se orientar no trânsito, ainda adotam as mesmas regras de sua antiga metrópole.
Bonfim, um pequeno município de 12,5 mil habitantes em Roraima, segue as mesmas leis de trânsito que o resto do Brasil. Ou seja, motoristas se mantêm à direita nas ruas e ultrapassam à esquerda, enquanto na Guiana acontece o inverso.
A ponte sobre o rio Tucutu é uma das fronteiras terrestres com conversão de sentido de tráfego mais interessantes do mundo. Sua estratégia, em vez de adotar o clássico cruzamento em “X” de outros locais, foi adotar a sobreposição dele. Para que os carros possam mudar de lado, a ponte divide suas duas mãos em diferentes níveis e permite que um “passe por cima” da outra antes que elas se reencontrem. A mão é t trocada organicamente, quando o carro “vira” para completar uma das curvas. Assim, o fluxo não é interrompido.
Para entender melhor, veja a imagem:

Mão de direção é trocada logo após a Ponte do Rio Tacutu, neste viaduto de conversão em “8”
Imagem: Dan Sloan/Creative Commons
Fonte: Uol