A recente desvalorização do dólar, que na semana passada atingiu o menor nível desde junho de 2024, provocou cautela no mercado de soja brasileiro. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a oscilação cambial afastou vendedores das negociações envolvendo grandes volumes do grão.
No início de setembro, os preços da soja haviam registrado alta impulsionada por um dólar mais forte. No entanto, com a queda da moeda norte-americana, a paridade de exportação ficou pressionada, impactando diretamente os valores internos da oleaginosa.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, parte dos agentes tenta aproveitar as oportunidades geradas por esse cenário econômico. A redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros nos Estados Unidos, somada à estabilidade dos juros no Brasil — que permanecem no maior nível desde 2006 —, pode atrair capital estrangeiro para o país e contribuir para uma maior valorização do real frente ao dólar.
Outra parte dos agentes, segundo o levantamento, adotou uma postura mais cautelosa nas negociações. Esses participantes seguem atentos ao andamento das atividades de campo tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que podem influenciar os rumos do mercado nas próximas semanas.
A estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/26 reforça o otimismo em relação à produção brasileira. A previsão aponta para um recorde de 49,08 milhões de hectares cultivados, com uma produção estimada em 177,6 milhões de toneladas. Esse número é ligeiramente superior à projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que estima 175 milhões de toneladas.
Com a volatilidade do câmbio, mudanças nas taxas de juros e perspectivas positivas para a próxima safra, o mercado da soja segue em um momento de incertezas. A combinação desses fatores influencia diretamente as decisões dos agentes, que optam entre aproveitar oportunidades pontuais ou adotar uma postura mais conservadora diante do cenário econômico e climático em evolução.
Com informações do Itatiaia