À medida que a estiagem avança, aumenta a escassez de água em Minas Gerais. Além de localidades rurais, os moradores das sedes urbanas de 25 municípios atendidos pela Copasa já sofrem com o racionamento de água. A situação é mais crítica do Norte do estado, onde nove municípios, incluindo Montes Claros (cidade-polo da região, de 400 mil habitantes), enfrentam a restrição no uso da água. Na região, surgiu um problema mais preocupante ainda: o rebaixamento do lençol freático. Em cinco municípios norte-mineiros poços tubulares que eram usados para o sistema de abastecimento tiveram uma queda de vazão ou secaram e foi iniciada a utilização de caminhões-pipa para o fornecimento de água aos moradores, de forma racionada.

Em Viçosa, na Zona da Mata, onde o serviço de abastecimento é mantido pelo município, o prefeito Ângelo Chequer assinou  nessa quarta-feira (13) decreto de situação de emergência devido à estiagem. O texto determina restrições ao uso de água fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto, que vai interromper o abastecimento por 48 horas semanais para cada grupo de bairros, em dois dias na semana não consecutivos por 24 horas, a partir de sábado.

Na área da Copasa, as reservas subterrâneas tiveram redução em Capitão Enéas, Catuti, Ibiracatu, Riacho dos Machados e Varzelândia. O superintendente do distrito Operacional Norte da Copasa em Montes Claros, Roberto Botelho, salienta que o Norte de Minas sempre sofreu com a seca. Mas, nos últimos anos, as chuvas na região reduziram mais ainda, agravando a crise hídrica.

Conforme monitoramento da empresa, na década de 1990, o Norte do estado teve uma média anual de 915 milímetros de chuva, que caiu para 871 milímetros entre 2001 e 2010. Nos últimos sete anos (2010 a 2016), a média anual ficou em 784 milímetros. Pelos registros do equipamento da companhia na barragem do Rio Juramento (Sistema Rio Verde Grande) os piores anos de chuvas na região foram 2014 (469mm) e 2015 (468mm). Em 2016, foram registrados 1.014mm e em 2017, até o momento, 432mm.

Botelho salienta que, além da “má vontade de São Pedro”, houve a redução do lençol freático por causa de problemas ambientais, sobretudo, a monocultura de eucalipto, “que suga o solo”. Outro problema é a abertura desenfreada de poços tubulares em propriedades particulares. A “corrida” pelos poços é tamanha que empresas especializadas fazem propaganda na região, divulgando que perfuram e entregam o a estrutura em funcionamento “dentro de 12 horas”.

Um dos municípios do Norte de Minas em situação dramática de falta d’água é Mato Verde, de 12,8 mil habitantes. Depois de quatro anos seguidos de estiagens prolongadas na região, a Barragem do Viamão, que abastecia a cidade, secou completamente. A população está sendo abastecida com caminhões-pipa que se deslocam 37 quilômetros até uma barragem do município de Monte Azul e depositam a água no reservatório da estação de tratamento de Mato Verde. Porém, a água só chega às casas após intervalo de três dias de torneiras secas.

Outro município que enfrenta o racionamento e está sendo atendido por caminhão-pipa é Ibiracatu, de 8,5 mil habitantes. A cidade era abastecida com água captada em poços tubulares, que secaram complemente. Agora, os moradores são atendidos por água buscada por caminhão-pipa no município vizinho de São João da Ponte, a 30 quilômetros de distância. Segundo a Copasa, a população de Ibiracatu recebe água em dias alternados.

O quadro também é complicado em Montes Claros. A barragem do Rio Juramento, que responde por 65% da água consumida na cidade, está com apenas 20% de sua capacidade. Para evitar o colapso no abastecimento, a Copasa iniciou a construção de uma adutora de 56 quilômetros para captação de água no Rio Pacuí, no município de Coração de Jesus, obra orçada em R$135 milhões. A questão virou uma batalha judicial.

 

Fonte: Estado de Minas ||

COMPATILHAR: