Não é de hoje que a hospitalidade mineira é comentada nos quatro cantos do país. Mas agora essa fama ganhou um reconhecimento inédito e internacional. No início de janeiro Minas Gerais foi reconhecida como uma das dez regiões mais hospitaleiras do mundo.

O título foi concedido pelo Traveller Review Awards 2021, um prêmio do site Booking.com, uma das plataformas digitais de viagens mais conhecidas internacionalmente.  Foi a primeira vez que uma região brasileira entrou na lista, baseada na avaliação de turistas.

O reconhecimento coincidiu com os 300 anos completados por Minas Gerais, um estado que tem no meio rural um dos seus grandes atrativos.  “Minas tem regiões bem distintas, com traços culturais diferenciados. Mas uma característica comum a todas as regiões é a ruralidade, nosso vínculo com o campo, essas experiências que o ambiente rural pode oferecer aos turistas”, afirma a coordenadora de Turismo Rural da Emater-MG, Cléa Venina.

E foi observando esta vontade dos turistas de curtir as experiências proporcionadas pelo ambiente do campo, que um casal de produtores de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, começou a investir no turismo rural.  Pedro e Paula Dias se dedicam à produção de cafés, uma atividade que já era desenvolvida pelo pai do Pedro, o vô Joel, na Estância Sítio Capinzal.  O local hoje também é conhecido como fazenda Grandpa Joel’s Coffee.

Após certificaram a propriedade com assistência da Emater-MG, dominarem os processos de boas práticas de produção e de melhoria da qualidade dos grãos, eles deram início à exportação de cafés especiais em 2014 e, alguns anos depois, abriram também duas cafeterias.

O sucesso com os compradores internacionais fez com que muitos deles tivessem o interesse em visitar a produção do casal no Brasil. Foi quando a Paula e o Pedro começaram a receber alguns clientes do exterior.

Mas foi só com o surgimento da pandemia que a hospedagem informal de compradores de café virou negócio, principalmente com a demanda dos clientes que frequentavam as cafeterias do casal. “Começou a surgir muita gente que queria visitar a fazenda, respirar ar puro, andar no meio do mato. As pessoas estavam se sentindo presas”, conta Paula Dias.

Eles fizeram um curso de turismo rural, reformaram a casa que era do vô Joel, onde as famílias podem ficar hospedadas, e já estão com duas outras casas da fazenda sendo preparadas para receber os turistas.

Além de provarem o café produzido na propriedade e curtir as belezas naturais da Serra da Mantiqueira, a Paula conta que os turistas experimentam outros produtos da gastronomia local, conhecem o processo de colheita e torra do café. Podem ainda visitar um apiário que existe na fazenda. “Como é gostoso receber turistas! Você conhece pessoas que valorizam o que você faz, que te dão ideias e deixam o seu dia tão feliz”, diz a produtora.

A Paula é carioca, mas é neta de mineiros. Para ela, este DNA familiar foi fundamental para despertar a paixão em receber turistas. “Essa forma colaborativa da gente trabalhar é um reflexo do que aprendemos.  O pessoal daqui sempre se ajuda. A gente aprende com a nossa família o prazer em receber e mostrar o que a gente tem de bom. Minas merecia este reconhecimento, porque sabe receber”.

Bordados e queijos  

O acolhimento na hora de receber quem vem de fora também é o que move os artesãos da comunidade quilombola do Baú, no município do Serro, na Serra do Espinhaço.  O grupo é formado por 10 pessoas que se dedicam ao bordado, com destaque para a produção coletiva de panos de copa, aventais, bolsas e camisetas.  A Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), presta assistência à comunidade.

A produção do bordado é vendida para os turistas que visitam a região, famosa pela história da época dos diamantes e pelas belezas naturais. O jovem Matheus Rocha, de 21 anos, é um dos artesãos do grupo. Ele conta que a pandemia prejudicou o fluxo de visitantes, mas que os turistas visitam a comunidade para conhecer os produtos da comunidade, os rios e as cachoeiras. “A comunidade é bem receptiva. Ainda não hospeda, mas oferece alimentação e informações sobre os pontos turísticos daqui”, informa Matheus.

Ele também destaca as capacitações feitas pelos artesãos, que foram fundamentais para o aprimoramento do bordado. “Passamos por várias capacitações, que nos possibilitam estar preparados para oferecer o nosso produto de qualidade, baseado nas características de nossa vivência e cultura. A notícia do reconhecimento dos turistas só comprova o quanto é fundamental tratar bem o próximo. E nos motiva cada vez mais a melhorar o nosso atendimento”, diz.

Não muito longe dali, no município vizinho de Diamantina, a Chácara Soberana também tem atraído turistas.  O destaque é o Queijo Minas Artesanal. São produzidas cerca de 30 peças por dia.

“A maior parte da produção é vendida aos turistas. Ficamos muito felizes com o reconhecimento dado ao estado”, comemora o produtor Luciano de Assis. Além de cuidar da produção de queijo, ele também recebe pessoas interessadas em visitar a propriedade.  O trabalho é desenvolvido junto com o filho Leandro.

Diamantina sempre foi famosa pelo turismo cultural e histórico.  Mas as ruas e construções seculares da cidade passaram a dividir a atenção dos visitantes com o turismo rural. O município entrou no roteiro dos queijos e vinhos. E empresas de turismo de outras cidades, como Belo Horizonte, têm organizado visitas guiadas para quem deseja conhecer a rotina das propriedades da região e experimentar os sabores locais.

Na propriedade do seu Luciano, os visitantes têm a oportunidade de entender como funciona a queijaria, os segredos de um bom Queijo Minas Artesanal e, é claro, levar para casa um pouquinho do sabor do campo. “Esforçamos muito para receber bem os turistas que buscam uma vivência rural. Sabemos da importância do turismo para a região. E não há nada mais gratificante do que ouvir dos turistas que eles foram bem recebidos”, diz o produtor.

Fonte: Emater-MG

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