O relatório final das análises feitas pela Fundação “SOS Mata Atlântica” no Rio Paraopeba foi divulgado na manhã desta quarta-feira (27) e revelou a presença de metais pesados na água do rio em municípios do Centro-Oeste.

Os metais são rejeitos decorrentes do rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro deste ano. O relatório completo, com resultado de todas as análises feitas no estado, pode ser acessado na internet.

Em sua conclusão, o documento afirma que o dano ambiental “sem parâmetros no país, e no mundo, tornou as águas do Rio Paraopeba impróprias e indisponíveis para usos em uma extensão de 305 quilômetros, que ficou com qualidade péssima e ruim – portanto, em desconformidade com os padrões definidos na legislação vigente”.

A “Expedição Paraopeba” analisou a qualidade da água em 305 km do rio em 21 municípios de Minas Gerais entre os dias 31 de janeiro e 9 de fevereiro. Ao todo, foram analisados 22 pontos do Rio Paraopeba.

Resultados

Conforme o documento, “os metais presentes na água em quantidades nocivas ao ambiente, à saúde humana, à fauna, aos peixes e aos organismos vivos, em toda extensão monitorada do rio, são: ferro, cobre, manganês e cromo”.

A expedição chegou à Pará de Minas no dia 4 de fevereiro. Na ocasião, as análises indicaram a morte do rio na cidade. Um dia depois a Prefeitura decretou situação de emergência.

As análises feitas na data apontaram um índice de oxigenação da água de 1,9. Segundo o Índice de Qualidade das Águas (IQA), o mínimo para existir qualidade de vida em um ambiente aquático é 5 e o índice aceitável é 8.

A turbidez, que é o grau de atenuação que um feixe de luz sofre ao atravessar a água, também sofreu alterações e ficou 6,5 vezes maior do que o normal. À época, a especialista em águas e coordenadora do programa Rede das Águas da Fundação, Malu Ribeiro, afirmou que a média histórica de turbidez no Paraopeba varia entre 55 e 66 e que o encontrado foi de 366.

As análises também indicaram um alto teor de Nitrato e Fosfato na água. Com base nisso, o IQA do trecho foi classificado como “péssimo”.

Conforme o relatório da Fundação, o IQA é dividido em “ótimo”, “boa”, “regular”, “ruim” e “péssimo” sendo que, para que a água possa ser utilizada e haja condições para vida aquática, ela deve ser classificada como “regular” ou superior.

No dia 7 de fevereiro, análises feitas em Cachoeira de Minas e Maravilhas apontaram uma oxigenação de 3,63 e turbidez de 109,9 na água do rio. Também foram encontrados Nitrato e Fosfato no trecho, que teve o IQA classificado como “ruim”.

Já no dia 8, em Pompéu, a oxigenação encontrada foi de 6,92 e a turbidez da água foi analisada em 59,9. Apesar disso, as análises também indicaram a presença de Nitrato e Fosfato no local, que também teve o IQA classificado como “ruim”.

No mesmo dia, uma outra análise feita na Usina Retiro Baixo, também em Pompéu, apontou uma oxigenação de 6,43 e a turbidez da água encontrada foi de 75,9. A presença dos rejeitos no local fez com que o IQA fosse classificado como “ruim”.

O relatório afirma que a quantidade de metais pesados encontrados ao longo do rio está acima dos limites máximos definidos na legislação vigente e que, em todos os 22 pontos analisados, a água está imprópria para uso.

O documento afirma ainda que não foram encontrados peixes em nenhum dos pontos analisados na região.

Objetivo

Segundo a Fundação, o objetivo da expedição era levantar dados independentes sobre a condição da qualidade da água na região do rio e avaliar o dano na paisagem e na cobertura florestal nativa da Mata Atlântica.

Através disso, a organização poderá subsidiar autoridades e sociedade na definição de medidas e ações socioambientais de remediação, recuperação e ressarcimento dos danos.

Recuperação

Na conclusão do documento, a Fundação afirma que para a recuperação da qualidade de água na bacia do Paraopeba e a segurança hídrica da região, é “essencial que sejam adotadas medidas efetivas de remediação dos danos ambientais, de ressarcimento das comunidades, das famílias e atividades econômicas afetadas”.

O impacto sobre a vegetação nativa vai além da área devastada, pois em decorrência da degradação, houve impacto sobre a fauna e flora locais.

Por isso, a Fundação afirma que a restauração florestal, com espécies nativas da região para a revitalização da bacia hidrográfica, especialmente da mata ciliar – Área de Preservação Permanente (APP) – é um fator “preponderante para restabelecer a capacidade de regeneração do rio, córregos, nascentes e de seus ecossistemas, somada à ampliação dos serviços de saneamento básico e ambiental nos municípios afetados direta e indiretamente”.

 

Fonte: G1 ||

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