Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesse sábado (8), que a CPI precisa levar em conta como o governo de Jair Bolsonaro minimizou a pandemia e o papel da vacina para combater a doença, e como a postura do presidente “fechou as portas para os produtores” dos imunizantes no Brasil. “Isso precisa ser investigado”, disse Renan, em entrevista concedida ao programa ‘Prerrogativas’, transmitido pela Rede TVT.

Mais cedo, em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a CPI está “dando um vexame” em suas primeiras reuniões. 

Renan Calheiros ressaltou que “seja lá quem” transformou o chamado tratamento precoce contra a covid-19 em política pública deverá ser responsabilizado. Para ele, muito do que a CPI pretende apurar “investigado já está” em campanhas nas redes sociais, discursos e atos oficiais.

“Espero que o presidente da República não tenha responsabilidade no agravamento do morticínio no Brasil, espero que CPI não chegue a tanto, mas, se chegar, não tenho nenhuma dúvida que ele será responsabilizado, sim”, disse o relator.

“Entendo que ao responsabilizar alguém, responsabilize exatamente aqueles que, por negligência, omissão, cometeram erros que poderiam ser evitados e possibilitado diminuição do número de mortes do Brasil na pandemia. Tenho muita convicção, apesar dos pesares, ameaças, arreganhos, tentativas de intimidação, que a CPI fará sua parte, cumprirá seu papel”, disse.

Na visão de Calheiros, a “equivocada” falta de colaboração pelo governo na comissão vai levar os trabalhos da CPI para cada vez mais perto das eleições de 2022.

“Se observar o traço em comum dessa investigação, é que os governistas não dizem nada. Na medida que dificulta o trabalho, vai levar a conclusão, obviamente, da CPI para as proximidades da eleição. Mas não é porque a CPI quer que aconteça, mas porque equivocadamente, eles estão sem saber o que fazer. Governistas não dizem nada. Se esforçam para não acrescentar nada”, disse Calheiros, que é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), potencial adversário de Bolsonaro na próxima eleição presidencial.

Na entrevista, Calheiros classificou como uma “irresponsabilidade absoluta, total” a postura de Bolsonaro diante das vacinas para a Covid-19. “Isso precisa ser investigado”, disse.

“Como o governo fechou as portas para produtores de vacinas. Não foi só com a Pfizer, fechou as portas para todos. Porque o presidente disse várias vezes que não acreditava na vacina, muito menos na chinesa”. “Ele que diz que vacina que serve, a que não serve”. Esse posicionamento do chefe do Executivo, na visão de Calheiros, faz com que a situação do Brasil não possa ser comparada a de nenhum outro país. “Em nenhum outro lugar, um chefe de Estado esteve publicamente falando esses absurdos para a população”, disse o senador.

Fonte: O Tempo Online

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