Mesmo ostentando o primeiro lugar no ranking do Cadastro de Reclamações Fundamentadas elaborado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, ligado ao Ministério da Justiça, as companhias telefônicas dizem que são alvo de poucas reclamações e atribuem a maior parte das queixas à falta de informação dos clientes.
?As reclamações são poucas quando comparadas ao número de clientes?, afirmou Eduardo Levy, presidente do Sinditelebrasil, entidade que representa as operadoras, aos deputados da CPI da Telefonia. Os discursos dos dirigentes das cinco operadoras que atuam em Minas Gerais ? Claro, Oi, TIM, Vivo e CTBC ? estiveram em sintonia com a fala de Levy durante a audiência ontem, na Assembleia Legislativa.
O diretor de relações governamentais da Oi, José Luiz Gattás Hallak, disse que é preciso tirar a palavra ?indevida? das queixas sobre cobranças, porque, segundo ele, muitas vezes a cobrança é devida, mas o consumidor não consegue entender a conta. ?O usuário, muitas vezes, faz a reclamação porque ele não tem a informação correta?, concordou o diretor de relações institucionais da TIM, André Gustavo Rodrigues.
Ele citou medida adotadas pela operadora para esclarecer o consumidor. Entre elas, o envio de informações via SMS sobre a cobertura em determinada área. Segundo ele, basta enviar o CEP do local para o número 2378. Para testar o serviço, a reportagem enviou o torpedo às 11h10, mesmo horário em que Rodrigues deu a informação na CPI. Sete horas depois, às 18h, a resposta ainda não havia chegado.
O diretor de relações institucionais da Vivo, Enylson Camolesi, afirmou que o número de reclamações que se referem a falhas da operadoras é pequeno. Segundo ele, a maior parte das queixas é mesmo por falta de informação e não seria considerada ?fundamentada?.
O cadastro do Ministério da Justiça, elaborado com base nas queixas recebidas por 25 Procons de todo o país, no entanto, contraria os dirigentes de operadoras. Em 2012, a telefonia móvel foi o setor mais reclamado do país, com mais de 172 mil queixas. O cadastro considera apenas reclamações fundamentadas, ou seja, aquelas que o consumidor tem razão de reclamar. ?Destaca-se o aumento da participação dos principais assuntos relacionados a telecomunicações (telefonia celular, telefonia fixa, TV por assinatura?, diz o relatório do DPDC.
Os dirigentes das operadoras creditaram as reclamações dos consumidores sobre a má qualidade do sinal e sobre os altos preços do serviço às restrições legais para ampliar a instalação de antenas e à alta carga tributária do Brasil, respectivamente. As queixas sobre o atendimento ruim e as denúncias recebidas pela CPI de que os atendentes dos call centers são orientados a ?enrolar? os clientes foram atribuídas a falhas isoladas de funcionários.
CPI propõe acordos e mutirão
A CPI da Telefonia não pretende fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com as operadoras. Os integrantes da Comissão consideram o procedimento ineficiente e preferem um acordo com as empresas.
O relator da CPI, deputado João Leite, pediu que as operadoras entreguem aos parlamentares um plano para melhorar o atendimento ao consumidor, com atenção especial aos idosos, e propôs a realização de um mutirão para resolver as demandas acumuladas em Minas Gerais.
Ele pediu ainda que as empresas mantenham uma linha direta com os Procons, para agilizar os atendimentos. O relatório da CPI deve ficar pronto em janeiro e ser votado em plenário em 5 de fevereiro.

COMPARTILHAR: