Temos percebido sinais de que o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, finalmente, tomou um novo rumo. O ocorrido na reunião ordinária da Câmara, havida na segunda-feira (26), quando se bateu todos os recordes de aprovação de projetos, é um exemplo disto. Foram exatos dezesseis, todos de inciativa do Executivo.

Três horas após o início da reunião, portanto, coincidindo com as 22 badaladas do relógio, apenas oito projetos haviam sido submetidos ao crivo dos vereadores. Aí, o presidente, ouvindo seus pares, decidiu tomar uma providência que, convenhamos, poderia doravante ser adotada como praxe naquela “augusta Casa”, a saber: foi dispensada a enfadonha e desnecessária leitura completa dos projetos, sendo substituída apenas pela leitura da síntese dos mesmos.

Ora, se para a emissão dos pareceres das comissões o mínimo que se espera é que seus componentes estudem minuciosamente o contido nos ditos projetos; fica mesmo claro que uma nova leitura deles, da forma em que é habitualmente feita no plenário, é mais que dispensável.

E assim foi feito! Terminada a reunião, o que se viu foi que os outros oito projetos em discussão também obtiveram resultado favorável ao município. Sem a menor modificação, foram atendidos os pleitos da administração, tudo muito bem defendido pelo senhor prefeito que, durante a semana e seguindo a nova rotina por ele mesmo implantada, na sede do Legislativo, conversou por um bom tempo com os vereadores, sanando dúvidas e defendendo a necessidade das aprovações e, é claro, ouvindo as queixas e os tradicionais “pedidos de providências” da lavra dos edis que com ele estiveram reunidos.

É óbvio que nem todos os pedidos foram atendidos de imediato. Mas, o simples aceno de boa vontade do chefe do Executivo, que colocou na rua equipes das secretarias de Obras e de Gestão Ambiental, já foi uma demonstração clara de que de agora em diante, os reclames da população, que há muito têm sido retransmitidos por meio das falas dos senhores vereadores, no todo ou em parte, estarão, de alguma forma, sendo atendidos de imediato ou, pelo menos, registrados junto a quem de direito.

A verdade é que se Eugênio levou certo tempo (para alguns até longo demais), para entender que é ele quem tem a batuta nas mãos e, portanto, é quem deve e pode fazer com que a sua orquestra toque uma mesma partitura; ainda que ele saiba que um ou outro “instrumento” possa no decorrer da execução da peça, desafinar, certamente ele já percebeu que a bilheteria deste “teatro de interesses políticos”, só apresentará resultados expressivos, se toda a trupe, inclusive os que atuam na coxia, for capaz de seguir um mesmo enredo e de acolher as orientações contidas no roteiro e emanadas de sua batuta.

O jogo da democracia é assim mesmo, tal e qual o que ocorre com a apresentação das peças teatrais. Os artistas, sejam eles do corpo de baile, componentes da orquestra ou do grupo de atores, todos, tem que vestir a mesma camisa e atenderem as orientações do diretor. Cada um, à sua maneira, se apresenta e até contracena com os demais, mas, ao final, dividem entre eles os aplausos ou as vaias do público, porém cientes de que os louros, (as premiações) via-de-regra devem ser recebidas, ainda que em nome de todos, apenas pelo diretor.

Aqui, no caso em pauta, o que se viu foi que os ensaios da companhia duraram por longos 15 meses e disto resultou em uma plateia angustiada, que já dá sinais de que não aguenta mais esperar.

Que os artistas assumam de vez suas funções no palco e se houver um ou outro que por alguma razão, desafine ou não decore o texto e precise ser substituído, que o diretor o faça sem pestanejar, pois, iniciado o espetáculo e ouvidos os primeiros acordes, todos concordam que não dá mais para interromper a apresentação. A banda tem que tocar, os artistas têm que contracenar e o andamento da peça, com princípio, meio e fim, tem que ser exibido e deve prender a atenção dos espectadores. A plateia ainda que mais diminuta hoje, se comparada com o número de ingressos vendidos por antecipação em 2016, presente e acreditando num desfecho a ela mais favorável, precisa sentir que o preço pago, ao final, valeu à pena!

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