A alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também poderá interferir no planejamento de futuros lançamentos de carros que seriam produzidos no país, disse a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta segunda-feira (19). Certos produtos que já estavam no forno terão que ser revistos, afirmou o presidente da entidade, Cledorvino Belini.
O executivo, que também é presidente da Fiat do Brasil, comentou que algumas planejavam importar peças, para competir de forma mais equilibrada com as marcas de carros importadas. Agora os planos e contratos de compras terão de ser revistos, isso em virtude do governo ter aumentado do IPI para veículo importados de fora do Mercosul e do México.
O presidente da associação também afirmou que os preços dos carros nacionais não devem ter uma alta nos preços, acompanhando uma possível elevação dos valores dos carros importados. Não acreditamos em aumento imediato de preço agora, afirmou.
O decreto da alta do IPI isenta, além dos veículos importados do Mercosul e do México, os produtos nacionais das montadoras instaladas no país que sigam alguns critérios, entre eles ter 65% de conteúdo nacional e regional. A Anfavea, que reúne essas fabricantes, que só em 45 dias saberá quantas associadas se encaixam nesse perfil. Esse é o prazo dado pelo governo para as fabricantes se adequarem à regras. Nesse período, elas pagarão a antiga alíquota de IPI.
As montadoras instaladas no Brasil também importam carros, mas a maioria vem da Argentina e do México, países com os quais o país mantém acordos bilaterais e, portanto, estão livres do reajuste no IPI. Mas alguns veículos são trazidos de outros países, como o Camaro, da Chevrolet, de que vem do Canadá, e os Volkswagen Passat e Touareg, vindos da Europa. Esses veículos passarão a ter imposto mais alto.
Estudo de competitividade
A ação do governo foi divulgada meses após a associação entregar um estudo que mostraria a necessidade de tornar a indústria nacional mais competitiva. Essa pesquisa, divulgada em junho passado, apontou que, no setor automobilístico, a produção no Brasil é até 60% menos competitiva em relação à de países como China, Índia e México. Na época, o presidente da Anfavea diz que não exigiu medidas específicas do governo, mas afirmou que a solução estaria nos incentivos em pesquisa e desenvolvimento, o que aumentaria o índice de nacionalização dos veículos fabricados no Brasil.
Marcas importadas reagem
As integrantes da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) anunciaram na sexta-feira (16) que entrarão na Justiça com mandado de segurança coletivo contra o prazo de vigor do aumento do IPI para carros importados. Questionado sobre o assunto, Belini disse que os representantes da associação têm todo o direito de reclamar a tomar as medidas que são necessárias.

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