Depois do leite derramado, pouco adianta debruçar-se sobre o estrago para sabermos de quem é a culpa: do balde furado, do banquinho quebrado, do ineficiente retireiro, da vaca inquieta ou ainda, do patrão.

Aqui em Minas está comprovado que mais uma vez, o capital falou mais alto e uma parcela considerável da nossa população foi e ainda é sabidamente colocada em risco mais que previsível, para que, ao final, se der “zebra”, o Estado e a União, contando com a parceria do Judiciário, passem uma borracha no ocorrido e fechem os olhos, inclusive, para o que todo mundo sabe que ainda está por vir, se as tais barragens à montante e destinadas a contenção de rejeitos continuarem sendo adotadas como solução mais econômica mas de eficácia duvidosa, pelas grandes mineradoras que operam no Estado. Tudo com o aval dos competentes órgãos governamentais, inclusive das tais agências reguladoras e de outros penduricalhos oficiais.

Se de um lado as ações das companhias, como no caso presente, as da Vale, despencam nas bolsas nacionais e internacionais, bastou que se noticiasse a prisão de alguns engenheiros que convenhamos, não passam de paus mandados dentro das estruturas das mesmas, para que o “mercado”, senhor de tudo, desse início a um movimento de recuperação, prevendo que se de fato as medidas agora prometidas resultarem em redução nas atividades minerárias, a cotação mundial, pela ação da lei de oferta e procura, certamente será majorada e assim sendo, o “prejú” econômico, provavelmente, se anulará.

Se do lado econômico a perspectiva é esta, do ponto de vista social (humano) o que as centenas de famílias enlutadas viveram e viverão nesta e nas próximas décadas é algo imensurável.

Aqui em Minas, estranhamente, as falas do governador Romeu Zema a respeito da flexibilização de normas ambientais, especialmente no que concerne a licenciamentos, é algo que deixa os ambientalistas e outros mais atentos a estes problemas, em estado de alerta.

Por aqui, o “novo” nesta e em outras áreas, continua sendo o “velho”!

O então secretário do governo Pimentel, como exemplo, certamente deve ser o que este Estado tinha e tem de melhor para conduzir os nossos destinos nesta área. Assim não o fosse, Zema não teria mantido, Germano Vieira no cargo. É o que queremos acreditar!

Some-se a isso, a publicação nesta semana, da nomeação de Renato Teixeira Brandão, para assumir a presidência da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam). 

Detalhe: Ele foi até então, no governo anterior, o responsável pela Diretoria de Gestão de Resíduos. Portanto, era quem, salvo melhor juízo, enquanto fiscalizador, deveria ter agido em defesa dos interesses mineiros, (não dos da Vale), como agora, quer nos parecer.

 

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