Espiões russos utilizavam o Brasil para realizarem um treinamento antes de começarem a trabalhar em países da Europa, Oriente Médio e até mesmo nos Estados Unidos. A informação foi publicada pelo jornal The New York Times nesta quarta-feira (21).

Os espiões, segundo o jornal, chegam ao Brasil e buscam identidades para construir uma vida normal e, de certa forma, ‘irreconhecível’. Um deles, citado pela reportagem, é Artem Shmyrev. Ele tinha uma empresa de impressão 3D e morava com a namorada em um apartamento de luxo no Rio. Aos 34 anos, ele usava o nome Gerhard Daniel Campos Wittich.

Assim como outros espiões, ele desejava criar uma vida no Brasil, com casas, empresas, relacionamentos, uma vida normal, para poder sair do país sem suspeitas.

PF entrou em ação

Porém, ainda de acordo com o jornal, a Polícia Federal tem dificultado a vida desses espiões. Nove policiais russos com identidades brasileiras já foram identificados. Dois deles foram presos, outros retornaram para a Rússia. Alguns não conseguiram deixar o país nem atuar no exterior.

Pouco antes do início da guerra na Ucrânia, a CIA notificou a PF sobre um oficial disfarçado da Rússia que esteve na Holanda. Ele tinha um passaporte brasileiro, com nome de Victor Muller Ferreira, que havia se formado em uma universidade dos Estados Unidos com esse nome. Ele, porém, se chamava Sergey Cherkasov. Ele acabou não sendo preso por falta de provas.

Posteriormente, a PF encontrou provas de que ele usava documentos falsos e conseguiu prendê-lo. O homem, porém, mostrou título de eleitor e o título de reservista. Os documentos apresentados por ele foram analisados pelos oficiais, que constataram que faltava certidão de nascimento e que Victor Muller Ferreira supostamente era filho de uma mulher que nunca teve filhos.

Outros documentos foram analisados pela PF e foram encontrados outros nomes de espiões. A organização, então, comunicou a Interpol.

Por que o Brasil?

O passaporte brasileiro, segundo o jornal, foi escolhido por vários fatores, como:

  • utilidade em viagens internacionais, permitindo entrada sem visto em vários países;
  • a miscigenação permite que alguém com traços europeus e sotaque seja dificilmente reconhecido;

o sistema de emissão de certidões de nascimento, sobretudo em áreas rurais, é vulnerável.

 

Fonte: Maria Fernanda Ramos/ Itatiaia

 

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