A intenção é boa, mas na prática o que se vê, realmente, passa muito longe do slogan oficial que se propaga. Resumindo: o atual atendimento da população na área de saúde nestes últimos quase dois anos de governo, ao que se sabe, não passaria no crivo de qualquer análise que levasse em consideração sua ?qualidade?.
O que se tem visto é a total falta de gestão, certamente provocada pela escassez de recursos financeiros e humanos. Greves se sucedem na área médica e o que se viu neste período foram denúncias de atrasos nos compromissos assumidos e ausência de investimentos na aquisição de medicamentos e materiais básicos inclusive os de primeiros socorros.
Realmente não dá para entender que um prefeito eleito, exatamente porque durante seus mais de 30 anos de vida pública, empunhou a bandeira de que faria desta cidade, o modelo em atendimento na área de saúde, inclusive com a promessa de que no primeiro ano de governo colocaria em funcionamento um Hospital Regional, para o qual seus parceiros no Estado e União, já teriam garantido os recursos necessários, assista hoje, a tudo isto que mais se assemelha a um verdadeiro crime contra esta população que, diariamente, mendiga nos Postos de Saúde ou no PAM o atendimento a que tem direito garantido constitucionalmente.
Não dá mais para tolerar esta história de que na área de saúde existem cinco ou mais veículos aguardando a liberação burocrática para serem reparados ou a desculpa de que as vans que transportam os pacientes continuem quebrando diariamente e deixando na mão dezenas destes que necessitam se deslocar daqui para outros centros buscando atendimento, quando se propaga que nossa Santa Casa, reconstruída, recuperada e inaugurando a toda hora novas unidades e recebendo equipamentos de primeira geração ? conforme se propaga e se divulga ? seja referência apenas para os ?clientes? que vem de fora. Há algo muito nebuloso neste relacionamento entre município e Santa Casa e não será com reuniões fechadas como anunciou na quinta feira (6), o chefe do Legislativo, Juarez Carvalho, que se chegará a um acordo que beneficie o povo formiguense, em especial o mais carente, o que não dispõe de planos de saúde ou de recursos financeiros para suportar os altos custos de consultas e de exames.
E os milhões de reais que o próprio governo por algumas vezes anunciou haver conseguido e que fariam com que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) viesse a entrar logo, em funcionamento? Pelo menos três marcas de sua inauguração oficial colecionamos em nossos arquivos como promessas não cumpridas dentre as tantas que este governo já fez.
Olho por olho, dente por dente
Nesta semana, pela segunda vez, a reunião pré-agendada entre a Secretária de Saúde, Maria Inês Macedo e os vereadores, acabou frustrada.
Ela não atendeu ao convite, que muitos entendem, deveria ter o tom de convocação, conforme previsto na Constituição e eles (vereadores), por sua vez, também não quiseram se deslocar até o Antônio Vieira, no dia e hora por ela determinados.
Ouvindo alguns vereadores, deles obtivemos a resposta que nos fez relembrar que da última vez em que eles lá estiveram, em companhia da imprensa e de populares insatisfeitos com o serviço, ou melhor, com a falta dele, ali ofertado, acabamos todos como protagonistas de um Boletim de Ocorrência no qual fomos acusados de haver invadido o Gabinete da senhora secretária.
É claro que não partiu dela a tomada de tal providência, até porque, o diálogo no Gabinete durou cerca de 30 minutos e foi entremeado de telefonemas por ela recebidos, todos respeitados e o clima ali reinante não sinalizava que em menos de uma hora, logo após concluída civilizada e cordialmente a reunião, o tal BO viesse a ser lavrado.
É provável que o mentor ou mentores desta infeliz ideia tenha ou tenham agora, sugerido o não atendimento ao convite do Legislativo. Lamentável, pois, perdeu-se mais uma vez a chance de se dividir a busca de uma solução ou, no mínimo, de se amenizar um problema que, sabidamente, esta administração se levado em conta o que fez nestes quase dois anos, não terá condições de, por si só, encontrar uma saída honrosa para esta série infindável de problemas e que, minimamente, atendam aos interesses dos formiguenses.
Esta erosão que vem corroendo e abalando há tempos as frágeis estruturas que deveriam sustentar a área da saúde, a nosso ver, só será combatida em curto prazo, com a adoção de medidas que envolvam o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e a própria população.
A judicialização do direito à saúde, que nada mais é do que a obtenção de atendimento médico, medicamentoso e de procedimentos diagnósticos pela via judicial é algo que também aqui nesta cidade, a cada dia mais e mais, ocorre. Afinal, esta tem sido a tábua de salvação para muitos. E tem que ser assim mesmo, pois leis foram feitas para serem cumpridas. Direitos precisam ser respeitados e assim pensando, entendemos que este raciocínio vale também para os senhores vereadores que nesta hora, devem exercer na plenitude seus mandatos fiscalizando, cobrando e participando ativamente da busca de soluções que atendam a toda a comunidade, não apenas àqueles poucos que todos sabemos, sendo apadrinhados por alguns, logram atendimento, obtém autorização para a realização de exames, recebem medicamentos, conseguem transporte para o atendimento fora do domicílio e muito mais.
Assim sendo, resta aos dois outros poderes, se ajustarem e encontrarem soluções práticas que evitem o vertiginoso aumento de medidas judiciais que se amontoam no Judiciário e que, muitas vezes pela demora de obtenção de decisões, estas quando saem, já não podem ser aplicadas de vez que defunto não se opera ou se interna.
E nestes casos, é bom que se entenda que a culpa não pode ser atribuída, como de costume se faz, apenas à demora do Judiciário. É preciso que estes casos só cheguem até lá, quando aqui na esfera do Executivo não se consegue o atendimento devido. E isto, quando ocorre é porque o Legislativo não fiscalizou ou se tornou conivente com o não cumprimento da lei.

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