No ano passado, como diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Gonçalo Faria, garantiu que iria faltar água na cidade e, em menos de 24h, a população começou a sofrer com a falta do precioso líquido.

Esta semana, durante reunião do Legislativo, Gonçalo Faria, que agora está à frente da Secretaria de Saúde, foi enfático ao dizer que no próximo período endêmico do mosquito Aedes aegypti, a população formiguense padecerá com as doenças transmitidas pelo inseto como a dengue, chikungunya e zica vírus. “A população vai morrer de dengue e das outras doenças transmitidas pelo mosquito, se não começar a cuidar de suas casas, eliminando os focos de dengue e, assim, ajudar a Prefeitura a erradicar o Aedes aegypti do município. Não quero assustar ninguém, estou apenas alertando”, declarou o secretário, repetidas vezes.

Para completar a ‘falta de conscientização’ da população, como afirmou o secretário, o Governo do Estado não está enviando a quantidade necessária de larvicida para que os focos do mosquito sejam controlados.

É fato que se o número de focos cresce no município, a culpa não é apenas da população, pois, a Secretaria de Saúde, principalmente o Setor de Endemias, tem sim a sua parcela de culpa. Um bom exemplo disto, é a existência de um criadouro de larvas do mosquito que se formou na rua Isa Marinho, no bairro Santa Luzia.

No dia 10 de abril, o jornal divulgou matéria informando sobre a situação da via. De acordo com moradores daquele local, duas empresas formiguenses e a própria Prefeitura, retiraram terra de um paredão localizado naquela rua e, dessa forma, mudaram o curso d’água de uma mina que nasce no local. Sem ter para onde correr, a água empossou e se transformou numa piscina que hoje, abriga centenas de larvas do mosquito.

Segundo informações ali colhidas, à época, ao menos um morador de cada residência da rua já havia sido infectado com o vírus, sem contar os casos confirmados e os suspeitos da doença em moradores que residem em vias próximas daquele criadouro (oficial?), garantem os moradores.

Na época, a redação entrou em contato com a Prefeitura para saber quando seriam tomadas as providências necessárias para se resolver o problema, mas nenhuma resposta foi dada assim como, ao que foi apurado pelo jornal, nenhuma providência foi tomada.

À época, uma dona de casa da região informou que, todos os moradores da via já haviam entrado em contato com o Setor de Endemias. “Falta de avisar e pedir uma solução para o Setor de Endemias não foi, mas o descaso é maior do que a obrigação da administração para com a população. A resposta que me deram foi a de que o local onde a mina está não é de responsabilidade do Setor, por isso não podem fazer nada. O foco está no final da nossa rua, ainda é área urbana e mesmo que não fosse, a administração é responsável por eliminar o foco em todas as áreas da cidade, sejam urbanas ou rurais, é o que diz a legislação municipal. Tenho a lei em mãos, sei dos meus direitos e dos deveres da administração e exijo o que está seguro em lei”, disse a moradora.

A lei citada pela moradora é a de nº 4433, de 7 de abril de 2011, que em seu artigo 13 afirma que deverão orientar o Programa Municipal de Controle da Dengue as seguintes ações: inciso I – intensificar as ações de combate físico, químico ou biológico ao vetor em toda área do município.

No artigo 16 da mesma lei, o parágrafo único determina que  – A autoridade sanitária terá livre ingresso, mediante as formalidades legais, em todas as habitações coletivas, bem como a estabelecimentos de qualquer espécie, terrenos cultivados ou não, privados, públicos ou mistos, logradouros públicos, e neles fará observar o disposto nesta lei para o controle da dengue.

Cansados de esperar uma solução por parte da administração, alguns moradores tentaram retirar, manualmente, a rocha que bloqueou o curso natural da água, mas devido ao tamanho da mesma e ao peso, não conseguiram. “Queremos apenas que a Prefeitura mande funcionários com algumas ferramentas, ou um trator para tirar a pedra e desobstruir a passagem da água. A solução é muito simples”, disse um dos moradores.

Nesta semana, uma equipe do jornal voltou ao local e, apesar do apelo dos moradores do bairro, da lei 4433 e da existência do Setor de Endemias, o problema não foi resolvido.

piscina sta luzia

Rua Isa Marinho, essa semana, após as chuvas (Foto: Glaudson Rodrigues)

Quanto à conscientização da população, de acordo com a Lei 4433, cabe a Secretaria de Saúde desenvolver uma mobilização social contra a dengue envolvendo educação em saúde, nas escolas municipais, estaduais e particulares de ensino, assim como a criação e o apoio da Vigilância Ambiental nos bairros, com o objetivo de periodicamente divulgar dados relativos a índices de infestação predial pelo vetor em cada bairro.

Outros assuntos tratados por Gonçalo:

Relatório Anual de Gestão

Durante o uso da Tribuna do Povo, Gonçalo Faria apresentou o Relatório Anual de Gestão (RAG-2014).

Junto com Gonçalo, a coordenadora contábil da Secretaria de Saúde, Vitória Maria Garcia apresentou os índices epidemiológicos, as metas alcançadas, aplicações orçamentárias e financeiras dos recursos no decorrer do ano de 2014.

 Inauguração da UPA

Durante questionamentos dos vereadores, o secretário disse que não há data para a inauguração da Unidade de Ponto Atendimento (UPA) e ela (a UPA)  tem condições de ser elevada a nível 2 “Temos condições de atender 172 mil pacientes, apenas com a contratação de mais dois médicos, aumentaremos e muito o valor da parcela que o Estado terá que nos repassar”, comentou.

 Sobre o PAM

Em relação às más condições do Pronto Atendimento Municipal (PAM), Gonçalo declarou que o momento é de focar no término da UPA. “A demanda de atendimento no PAM é bem maior hoje, do que quando foi inaugurado, por isso precisamos focar na UPA”, finalizou Gonçalo.

A apresentação do RAG-2014 foi acompanhada por vários funcionários da Secretaria de Saúde, que chegaram à Casa às 14h e lá permaneceram até o final da reunião, às 17h.

De acordo com Gonçalo, os servidores foram convidados por ele, pois, o trabalho desenvolvido na Secretaria de Saúde é de mérito de todos.

servidores

Foto: Priscila Rocha

 

 

Priscila Rocha

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