O Senado dos Estados Unidos aprovou, na noite de terça-feira (28), um projeto de lei que revoga as tarifas comerciais impostas ao Brasil pelo presidente Donald Trump. A proposta, que obteve 52 votos favoráveis e 48 contrários, ainda precisa ser analisada pela Câmara dos Representantes antes de entrar em vigor.
Proposta busca encerrar estado de emergência
O texto foi apresentado pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, e tem como objetivo encerrar o estado de emergência nacional declarado por Trump em julho deste ano. A medida foi utilizada pelo presidente como justificativa para impor tarifas de até 50% sobre importações brasileiras.
Na ocasião, Trump alegou que as sanções eram uma resposta à “caça às bruxas” promovida pelo governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado em setembro a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Apesar da polarização partidária, cinco senadores republicanos votaram a favor da proposta: Mitch McConnell, Thom Tillis, Rand Paul, Lisa Murkowski e Susan Collins. A aprovação no Senado representa uma rara aliança entre democratas e parte da oposição republicana.
Câmara pode barrar avanço da proposta
Mesmo com a aprovação no Senado, o projeto enfrenta obstáculos na Câmara dos EUA, atualmente controlada pelos republicanos. Novas regras adotadas pela liderança da Casa permitem barrar a tramitação da proposta, e analistas políticos avaliam que a iniciativa dificilmente será aprovada.
Para o senador Tim Kaine, a votação tem caráter simbólico e busca pressionar o governo norte-americano a reavaliar sua política tarifária. “Essas tarifas são destrutivas para a economia e para as relações comerciais com parceiros históricos dos Estados Unidos, como o Brasil”, afirmou.
Lula e Trump discutem tarifas em encontro na Malásia
No domingo (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com Donald Trump em Kuala Lumpur, capital da Malásia, durante uma agenda oficial. O encontro, que durou cerca de uma hora, teve como foco as tarifas impostas aos produtos brasileiros e sanções contra autoridades do país.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi mencionado na conversa, embora não tenha sido o tema principal. Trump declarou que gostava de Bolsonaro, mas evitou comentar se ele faria parte das negociações.
Na segunda-feira (27), Lula comentou o encontro com mais detalhes: “Disse pra ele [Trump] que foi um julgamento [de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal] sério, com provas contundentes. Disse a gravidade do que tentaram fazer, do plano para matar a mim, meu vice e o ministro Alexandre de Moraes. E que tiveram um direito de defesa que não tive. Ele sabe que rei ‘morto, rei posto’. Bolsonaro faz parte do passado”.
Logo após a reunião, a Casa Branca publicou uma nota nas redes sociais classificando o encontro como positivo. “É uma grande honra estar com o presidente do Brasil… Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países… Sempre tivemos um bom relacionamento, acho que continuará assim”, afirmou o governo norte-americano.
A aprovação do projeto no Senado norte-americano marca um passo importante na tentativa de reverter as tarifas impostas ao Brasil, mas o caminho até sua efetivação ainda é incerto. Com resistência esperada na Câmara, o futuro da proposta dependerá de negociações políticas e da capacidade de articulação entre os governos. Enquanto isso, o diálogo entre Lula e Trump sinaliza uma possível reaproximação comercial entre os dois países.
Com informações do Metrópoles










