O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, terá duas horas para se defender, hoje, no Senado do país, antes da sessão que votará seu impeachment. Lugo enfrenta um processo-relâmpago, após a morte de 17 pessoas na semana passada, durante a ação da polícia numa fazenda ocupada por sem-terras. Se for condenado pelos senadores pela acusação de prevaricação, permitindo a escalada dos conflitos sociais, Lugo perderá o cargo. A sessão está programada para acabar às 17h30. O presidente já anunciou que não pretende renunciar.
Na manhã de ontem, a Câmara paraguaia aprovou o processo de impeachment por 76 votos a um, com o projeto seguindo para o Senado. O julgamento político teve início quase imediatamente, com a apresentação da acusação a cargo de cinco deputados que exercem a função de fiscais no processo.
Os parlamentares de oposição, liderados pelo Partido Colorado, acusam Lugo de mau desempenho de suas funções, principalmente pelo episódio sangrento de conflito de terras ocorrido na última sexta-feira, em que seis policiais e 11 camponeses foram mortos em um confronto armado no interior do país. O episódio forçou a saída do ministro do Interior e do comandante da polícia.
Golpe
Após o início do julgamento, ontem, milhares de simpatizantes de Lugo iniciaram uma vigília na praça em frente ao Parlamento, protestando contra o que chamam de golpe de Estado. O prédio do Congresso foi cercado e defendido por 4.000 militares.
Moradores assustados da capital fecharam seus negócios e buscaram as crianças nas escolas. Os moradores temem que a decisão do Senado dê início a violentos protestos como os que aconteceram após o assassinato do vice-presidente Luis Argaña, em 1999.
A eleição de Lugo, em 2008, encerrou 61 anos de controle do país pelo Partido Colorado. A reforma agrária era uma das prioridades de seu governo, mas ele teve dificuldades para aproximar posições entre as organizações camponesas e os proprietários, na medida em que não conseguiu colocar ordem no organismo encarregado pela distribuição de terras.

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