O senador governista do Sul simboliza o negacionismo que precisa ser estudado, entendido e tornado alvo para professores de Ciência, pois seu negacionismo insciente é revelado também pelo desconhecimento das Línguas Inglesa e Francesa, o que o torna alvo fácil de vendedores de ilusão e de charope cura-tudo. Para ele, 16 milhões de curados é até mais importante que 500 mil mortos, não por maldade, mas por destino. Se o senador soubesse que esses curados não estão curados, quem sabe mudasse de opinião? É o que revela uma pesquisa publicada na Revista Nature: “The four most urgent questions about long COVID”.

Pois é, as pessoas saram da Covid-19, alguma até sem sentir e saber, mas ficam com sequelas que está sendo chamada de Covid longa, ou seja é um distúrbio de longa duração que surge após a infecção pelo SARS- CoV-2. E várias pesquisas com milhares de pessoas já revelaram uma extensa lista de sintomas, como fadiga, tosse seca, falta de ar, dores de cabeça e musculares.

Uma equipe liderada por Athena Akrami, neurocientista da University College London, encontrou 205 sintomas em um estudo com mais de 3.500 pessoas (Characterizing Long COVID in an International Cohort: 7 Months of Symptoms and Their Impact). No sexto mês, os sintomas mais comuns eram fadiga, mal-estar pós-esforço e disfunção cognitiva. Esses sintomas variam, e as pessoas frequentemente passam por fases de recaída.

Nos primeiros meses da pandemia, a ideia de que o vírus poderia causar uma condição crônica foi esquecida na luta desesperada para lidar com casos agudos. Em maio de 2020, ela começou um grupo no Facebook para pessoas com Covid longa. Hoje, ela tem mais de 40.000 membros e trabalha com grupos de pesquisa que estudam a doença.

Em janeiro, a Organização Mundial da Saúde revisou suas diretrizes para o tratamento com COVID-19 para incluir uma recomendação de que todos os pacientes deveriam ter acesso a cuidados de acompanhamento em caso de Covid longa.

As agências de financiamento também estão prestando atenção. Em 23 de fevereiro, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) anunciou que gastaria US$ 1,15 bilhão em pesquisas sobre Covid longa, ao qual se refere como sequela pós-aguda de COVID-19 (PASC). No Reino Unido, o National Institute for Health Research (NIHR) anunciou  £ 38,5 milhões .

A maioria dos primeiros estudos de prevalência analisou apenas pessoas que haviam sido hospitalizadas com Covid-19 aguda. Ani Nalbandian, cardiologista da Columbia University Irving Medical Center, em Nova York, e seus colegas reuniram nove desses estudos para uma revisão publicada em 22 de março (Post-acute COVID-19 syndrome). Eles descobriram que entre 32,6% e 87,4% dos pacientes relataram pelo menos um sintoma que persiste após vários meses.

O UK Office of National Statistics (ONS) acompanha mais de 20.000 britânicos com teste positivo desde abril de 2020. Publicadas em 1º de abril (Prevalence of ongoing symptoms following coronavirus -COVID-19- infection in the UK), o ONS descobriu que 13,7% ainda relatavam sintomas após pelo menos 12 semanas, entre muitas outras coisas.

Mario Eugenio Saturno

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