Os sócios responsáveis pela RBH Construtora LTDA, investigada pelo abandono de três empreendimentos em Divinópolis, foram presos no final da tarde de sexta-feira (21) em Itajaí, Santa Catarina.

Foram presos Péricles Hazana Marques Júnior, a esposa e sócia Sandra Mara de Oliveira Barros, e o filho Rafael Marques, que seria o responsável administrativo da construtora. Havia mandado de prisão contra eles. Vídeo mostra o momento da prisão (ver vídeo abaixo). Eles foram localizados em uma ação conjunta da Polícia Civil de Minas Gerais com a Polícia Federal de Santa Catarina.

A reportagem ainda não conseguiu contato do advogado ou dos advogados que representam o casal e filho.

Os donos da construtora eram procurados após cerca de 35 pessoas denunciarem a empresa, apontando que os proprietários encerraram as atividades dela sem entregar imóveis aos clientes. A Polícia Civil de Divinópolis estima que o prejuízo dos clientes ultrapasse os R$ 50 milhões, um dos maiores casos registrados nos últimos dez anos na cidade.
Em entrevista ao G1 na manhã deste sábado, o delegado regional da Polícia Civil, Leonardo Moreira Pio, afirmou que os sócios da construtora simularam uma separação recentemente para que Sandra pudesse ficar com todo o patrimônio do casal. Além disso, ela teria simulado um pedido para que a sociedade entre os dois fosse desfeita.

“Desde a instauração do inquérito policial, a Polícia Civil está investida no caso para identificar vítimas e apurar o envolvimento de cada investigado. A partir de então, percebendo a magnitude da fraude realizada por eles, pedimos a prisão preventiva dos mesmos. E, através do nosso serviço de inteligência, conseguimos localizá-los em Santa Catarina e efetuar a prisão com apoio da Polícia Federal do Estado”, explicou.

Segundo o delegado, os três detidos foram levados para o Complexo Penitenciário de Itajaí, onde ficarão aguardando transferência para Minas Gerais, o que pode acontecer no início da semana, informou Pio.

Se comprovado os fatos, os presos poderão responder pelos crimes de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e crime falimentar, previsto na Lei de Falências. Na cidade, a Polícia Civil estima que existam cerca de 80 vítimas. No entanto, Leonardo Pio disse que nem todos compareceram à delegacia para denunciar.

“Percebemos que algumas vítimas ainda não compareceram à delegacia. Então, a Polícia Civil pede que aquelas pessoas que tenham celebrado contratos com a empresa RBH no município de Divinópolis procurem a delegacia na próxima segunda-feira (24) para que nós formalizemos a denúncia, porque eles certamente foram lesados pela empresa”, afirmou.

Conforme o delegado regional, os três empreendimentos abandonados pela construtora somam cerca de 80 apartamentos, que eram vendidos entre R$ 300 mil e R$ 1 milhão.

Venda de casa
De acordo com Leonardo, os sócios premeditaram a ação. Antes de encerrar as atividades da empresa, Péricles e Sandra teriam vendido a casa onde moravam com o filho por um valor inferior ao valor de mercado do imóvel.

“Eles venderam a casa que tinham em Divinópolis, avaliada em cerca de R$ 3,5 milhões, por um valor bem abaixo do de mercado. Pelo que apuramos, a venda foi realizada por R$ 1,4 milhões. Em seguida, eles encerraram as atividades da empresa e saíram da cidade”, explicou.

Além da venda da residência, a Polícia Civil apurou que os suspeitos teriam aberto três firmas no estado de Santa Catarina nos últimos 60 dias. O que, de acordo com o delegado regional, indica que eles tentariam aplicar o mesmo golpe no Estado.

‘Permanentemente fechado’
Dos três empreendimentos da construtora em Divinópolis, apenas um estava em fase de conclusão. Os demais foram apenas iniciados.

O G1 consultou o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa na tarde do dia 14 de setembro e constatou que a última atualização no sistema foi feita há cerca de um mês. Em uma nova consulta, feita na tarde da última quinta-feira (20), a reportagem constatou que a situação permanecia inalterada.

Os sites da construtora estão fora do ar e, ao procurar o nome da mesma em um serviço de pesquisa pela internet, o mecanismo de buscas apontou que o local está “permanentemente fechado”.

 

Fonte: G1||https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2018/09/22/socios-de-construtora-investigada-por-abandono-de-obras-em-divinopolis-sao-presos-em-sc.ghtml

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