Algumas prefeituras estão adotando equipamentos móveis para fazer chegar o ensino à distância em algumas regiões. Essas remessas, mesmo insuficientes, também poderão entrar na rotina pedagógica das escolas após a pandemia. Escolas particulares também já trabalham com essa linha, de digitalizar mais o ensino. É desse futurismo imediato que precisamos falar, ou melhor, já não é mais um futurismo, estamos demorando demais.
Moro em Castanhal, região metropolitana de Belém. Falar de tecnologia nessa ponta do Brasil ainda é um desafio. Estou rodeado por comunidades que sequer possuem saneamento básico, por povoados que caminham horas e cruzam rios a barco para estudar embaixo de estruturas quentes, com chão de terra. Como falar de tecnologia nesses espaços?
A mudança das escolas para o universo digital propôs inúmeros desafios, há tantas limitações preocupantes: alunos e professores que não possuem recursos para acompanhar aulas e atividades remotas, por exemplo. O Ministério da Educação transferiu em março R$ 450 milhões para 64 mil colégios no Brasil. Sabemos que o setor precisa de mais e a única possibilidade de seguir lecionando nesse período é digitalizando o ensino. Isso deve ficar para sempre, como disse o poeta Milton Nascimento “nada será como antes”.
A proposta do chamado blended learning, ensino híbrido, propõe uma parte do aprendizado de maneira off a outra on-line. O ensino de línguas, por exemplo, já adotou esse modelo há um tempo. As ferramentas digitais mostraram a possibilidade de comunicação com outras partes do mundo sem precisar se deslocar.
Para esse ano, a Base Nacional Curricular (BNCC) definiu a obrigatoriedade de aulas de inglês em toda rede pública e particular do 6º ano ao ensino médio. A tecnologia, atrelada a isso, rompe fronteiras: tradutores simultâneos online, aplicativos de videoconferência – tudo isso conecta o nosso ensino com o restante do mundo, com a cultura daquele idioma que está se ensinando.
Quando criei a minha empresa, uma edtech sediada nos EUA, que leva aulas on-line de inglês, principalmente para as menores regiões do Brasil, foi com o propósito de democratizar o ensino. Os lugares mais afastados desse Brasil teriam seus habitantes falando inglês, conectados com outro país, por um custo baixo. Oferecemos isso para mais de dez mil pessoas, gratuitamente na pandemia. Essa movimentação entre empreendedores também desperta os governos para políticas públicas no ensino e agora é a hora de fazê-la, ou criaremos uma ilha tecnológica no ensino, e não uma nação inteira conectada.