Portadores da esclerose múltipla ? uma doença crônica do sistema nervoso central que acomete diversas funções do organismo ? e que sofriam com os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais encontram na vitamina D uma esperança para voltar a ter mais qualidade de vida.
Com 35 a 50 mil portadores da doença no país e mais de 2 milhões no mundo, a doença tem com causa e cura desconhecidas e desafia a medicina. Mas um tratamento desenvolvido no Brasil que utiliza doses cavalares da vitamina D tem apresentado resultados satisfatórios.
?São usadas quantidades individualizadas e tão altas que seriam capazes de intoxicar uma pessoa que não tem a doença?, diz o neurologista Cícero Coimbra, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos defensores da terapia. Ele acredita que a baixa exposição solar, a resistência ou deficiência de vitamina D e situações de estresse emocional são as causas do problema, que faz o corpo criar anticorpos contra si.
?Dificilmente encontra-se um portador de esclerose com os níveis normais da vitamina, e quanto mais baixo é esse nível, mais severa é a doença?, afirma o especialista.
Os principais sintomas desse mal costumam ser visão turva, perda de força nos membros e fadiga. Mas como em 85% dos casos a esclerose é precedida por estresse emocional, muitos médicos a confundem com alguns distúrbios emocionais.
Perfil
Mulheres entre 20 e 40 anos são maioria entre os portadores, e Coimbra diz que já e possível identificar o problema em pacientes de todas as idades, inclusive crianças. O analista de sistemas Ricardo Marques, 34, recebeu o diagnosticado há três anos. ?Comecei o tratamento com os medicamentos convencionais, mas eu sofria muito com os efeitos colaterais. Com a vitamina D, em dois dias eu comecei a perceber as melhoras. E há quase quatro anos já não tenho mais nenhum surto ou piora?, afirma.
O tratamento convencional custa R$ 7.000 mensais, mas está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A vitamina custa R$ 200, diz Marques.
Ciência
A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) afirma que ?não há, até o momento, nenhum dado científico consistente que paute o uso da vitamina D como terapêutica e como alternativa as terapias vigentes. Deve-se aguardar estudos mais consistentes e o posicionamento das agências de saúde?.
Sistema Único de Saúde (SUS)
oferece cinco medicamentos para o tratamento da esclerose. Glatiramer, betainterferonas e natalizumabe ? adquiridos pelo Ministério da Saúde ?, e metilprednisolona e azatioprina ? adquiridos e financiados pelos Estados.
O Ministério da Saúde deve investir, neste ano, R$ 185,9 milhões no atendimento aos pacientes com esclerose múltipla.

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