“(…)

Água que o sol evapora

Pro céu vai embora

Virar nuvem de algodão!

(…)”.

Neste verso da música “Terra! Planeta água” de Guilherme Arantes, o autor coroou de poesia um bem universal: a água. Um bem que é vilipendiado pelo homem de forma frequente e abusiva.

É bom lembrar que as águas do planeta Terra têm um dia só seu: 22 de março. É o Dia Mundial das Águas, determinado em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em reunião realizada em 21 de fevereiro de 1.993.

Mas… Existe água em abundância no Planeta Terra?

Pode-se considerar que sim. Contudo, outra pergunta se faz pertinente: toda essa água é própria para o consumo e seu acesso é fácil ao homem?

Mediante esta colocação, pode-se fazer as seguintes considerações:

1 – aproximadamente, 70% do Planeta Terra é coberto por oceanos e mares com profundidade média de 1.000 metros.

2 – 97% de toda água da Terra é salgada (mares e oceanos).

3 – 3% da água é doce.

Mediante isto, outras considerações se fazem necessárias.

Desses 3% de água doce existentes em rios, lagos e lençóis subterrâneos:

  1. a) – 2,2 % estão nos polos Norte e Sul em forma de geleiras
  2. b) – 0,6% estão no subsolo em lençóis freáticos
  3. c) – 0,1% se encontra na atmosfera
  4. d) – SOMENTE 0,1% está em rios e lagos na superfície dos continentes.

O Brasil é privilegiado em termos de existência de água doce em seu território, uma vez que 12% de toda essa preciosidade estão em nosso território.

Beleza!!!… Ou não?!….

Pode-se afirmar que não, pois 80% da água brasileira se concentra na Bacia Amazônica, sem nenhuma viabilidade de trazê-la para o restante do território brasileiro.

Desta forma, destaca-se a importância da água para quem tem acesso a ela nas demais regiões do país.

E, com base neste raciocínio, chegamos ao nosso Mar de Minas!

O reservatório que forma o lago operacional da Usina de Furnas é um acervo líquido que quando está cheio (cota 768), acumula 29 bilhões de metros cúbicos de água e torna-se uma paisagem agradável aos olhos e nos faz sentir plenos de alegrias. Ver as águas ocupando as reentrâncias geográficas e fazendo seu papel de hidratar todo tipo de vida que se manifesta dentro e fora da água, nos faz acreditar que são águas milagrosas.

Avaliar o uso que os lindeiros fazem dessa água, além de ser matéria prima para a geração de energia elétrica, é uma obrigação para quem faz das águas do Mar de Minas fonte de sustento.

Dessa forma, é fundamental que olhemos para esse uso paralelo das águas do Mar de Minas com parcimônia e respeito. Esse uso paralelo caracteriza o chamado uso múltiplo do manancial, o que dá sobrevida a uma série de atividades desenvolvidas ao longo dos 5.400 quilômetros de margem do Mar de Minas.

Incentivadas pela presença das águas do Mar de Minas, surgiram atividades que se tornaram meios de sobrevivência e fontes de renda para a região Sul/Sudeste de Minas Gerais.

Tem-se que respeitar os limites químicos e físicos das águas, como também tem-se que analisar o que o homem faz para “estraga-la”!…

Uma pergunta se faz necessária: dos 34 municípios lindeiros ao reservatório, quantos têm unidades de tratamento de esgotos? Pelo que sabemos, tratamento pleno, nenhum.

Em 1.994, a UNICAMP, em parceria com a empresa Furnas, realizou um estudo para avaliar o potencial turístico do lago. Durante uma semana, técnicos de Furnas e a equipe de pesquisadores da UNICAMP percorreram o lago e na cidade de Fama, fizeram um experimento interessante.

Foram distribuídos penicos para seis famílias e seus membros foram instruídos para a coleta de fezes e urina durante 24 horas, com o objetivo de estimar a quantidade de dejetos humanos que se transformavam em efluentes do lago.

Em média, mediu-se que cada habitante pesquisado, produzia 406 gramas de fezes e urina por pessoa. Daí, concluiu-se que os 600 mil habitantes do entorno do lago naquela época, jogavam indiscriminadamente algo em torno de 250 toneladas de efluentes/dia no reservatório.

Hoje, o lago é um bem comum para mais de 1 milhão e 500 mil pessoas que vivem em seu entorno, e todo esse conjunto de habitantes, não tem seus esgotos tratados plenamente.

Senhores!

No Dia Mundial da Águas, colocações como estas são pertinentes e necessárias.

Vamos usar o lago, vamos reivindicar políticas públicas para seu uso – não só para geração de eletricidade – mas também para gerar renda, empregos, bem estar e, acima de tudo, alegrias para quem usufrui deste precioso bem!….

Com fé!….

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