“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Tomara que este adágio popular tenha mesmo se fixado no miolo mole de todos aqueles que durante os últimos anos insistiram em defender a tese de que o esvaziamento programado e criminoso dos lagos de Furnas e Peixoto, foi causado pela falta de chuvas, ou seja: na míope visão deles, por culpa exclusiva de São Pedro.

Eles, com esta atitude e se valendo de espaços lhes concedidos em reuniões promovidas pelos “n” grupos de trabalho criados com o intuito de se encontrar saídas para a solução dos graves problemas gerados com o tal esvaziamento, insistentemente, e batendo sempre na mesma tecla,  procuravam deixar claro que: “a culpa é de São Pedro”.

A tônica defendida pelos tais técnicos e endossada por muitos dos dirigentes das agências reguladoras, do Operador Nacional do Sistema (ONS), dos Ministérios envolvidos e de outros órgãos federais e estaduais, era sempre a de que o esvaziamento se dava em função da crise hídrica.  Esta prejudicava a geração de energia e tudo o mais que se agravava com o esvaziamento dos lagos.  E o que é pior, eles ainda pintavam para os anos futuros um quadro cada vez mais drástico. Tudo baseado na ficção de que os índices pluviométricos, segundo as estatísticas que eles traziam a tiracolo, indicavam a possibilidade, inclusive, de ser preciso a adoção de uma politica de racionamento do consumo para se evitar um apagão, sempre iminente.  E aí povão, tome bandeira tarifária! Razão maior e garantia de melhores resultados. Sabem para quem?

E eles, os tais expositores, jamais tocavam no ponto principal e causador do problema que todo mundo sabia, nós e eles; estava no tal RALO ABERTO para se manter a hidrovia do Tietê a pleno vapor. E também, é claro, no interesse de muitos outros que continuavam fingindo que operavam com as termoelétricas, ainda que minimamente, apesar delas serem remuneradas até quando não funcionavam. Por outro lado, ainda temos que considerar a excelente fonte de recursos criada e mantida por eles, com a adoção das tais bandeiras tarifárias que, mesmo onerando os consumidores, ainda se tornavam fonte segura para o aumento da arrecadação dos Estados, pois, sobre a cobrança delas, incide também o ICMS.

Agora minha gente, tomando por base o dia 2 de fevereiro, registramos que o nível das águas em Furnas subiu nada menos que 4,41 m. nos últimos 30 dias. Esta foi a variação registrada e confirmada por elas mesmas (as agências) e trazida a público.

Com base nestes números, perguntamos: Se a ANA tivesse fixado, como é de sua alçada e dever, os mesmos parâmetros limitando a vazão defluente, conforme hoje ainda vigoram e que, segundo ela, deverão assim permanecer até abril de 2022; se feito isto no início do período chuvoso – meados de outubro/novembro de 2021, ao analisarmos os índices pluviométricos registrados nesta região de Minas, perguntamos: teríamos ou não, armazenado em Furnas, um volume de água que nos permite imaginar que estaríamos hoje navegando na cota 765 ou, quem sabe, até em outra mais alta ainda?

A simples resposta a este questionamento nos mostra que o coitado do São Pedro apenas serviu de bode expiatório para que aquela turminha incompetente, talvez estivesse a serviço de outros interesses. É que, durante estes longos anos, ela apenas tentou e conseguiu varrer para debaixo do tapete as verdadeiras razões que resultaram das suas decisões erradas que, infelizmente, deram causa a absurdos e incomensuráveis prejuízos sociais e econômicos a este Estado de Minas Gerais. Aqui é preciso registrar também, a desídia de muitos de nossos governantes e de outros que ainda ocupam, ou, ocupavam cargos importantes nos três poderes naquele período. Eles não se mexeram a esse respeito. Nada fizeram em nosso favor!  E notem que boa parte deles foi eleita, exatamente, com o compromisso de defender os interesses deste Estado.

A verdade é que a incompetência deles, e aqui nos referimos aos tais técnicos que há décadas vem ocupando cargos de direção ou de chefia, os quais trocam de cadeiras e se alternam no comando dos tais órgãos já citados.  Só eles sabem os porquês desta estranha prática! Mas, de agora em diante, por mais eles queiram e, ainda que venham a ser cobrados pelos seus “verdadeiros patrões” para darem continuidade à velha política de desrespeito ao multiuso de nossas águas, eles não mais poderão culpar o “velho São Pedro” por outro eventual esvaziamento de nosso lago.

Ele, o santo, em poucos dias, por milagre ou por injunções da natureza, derrubou anos e anos de mentiras por eles sempre defendidas e alardeadas como se fossem o resultado de profundos e bem embasados estudos sobre as condições climáticas, para assim justificarem suas estranhas determinações.

E, para concluir, lembramos que em novembro de 2015, a China Three Gorges (CTG), que opera a maior hidrelétrica do mundo, venceu o principal lote em leilão, se tornando dona de cobiçadas instalações no rio Paraná. Ao todo, o governo brasileiro leiloou 29 usinas e arrecadou 17 bilhões de reais.

Hoje ela, a CTG, opera as usinas de Jupiá e Ilha Solteira, localizadas no rio Paraná. As duas hidrelétricas eram as mais cobiçadas entre as 29 usinas leiloadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) naquela data.

E aqui perguntamos:

Diante disto, dá para se imaginar a importância da Tietê/ Paraná e o que ocorrerá por aqui, enquanto o pedral, em Avanhandava servir de fonte para a obtenção de recursos públicos e de justificativa para o desvio de nossas águas?  Sinceramente, acreditamos que esta cruel pergunta, hoje,  nem mesmo o santo, o respeitável e milagroso São Pedro, poderá nos responder.  Pensem nisto, A HORA É AGORA!

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